Pela manhã, não havia nada de novo não fosse o silêncio incomum na velha rotina da manhã. Todos no seu tempo imaginário a se adequar ao tempo real na disciplina dos ponteiros a dar voz ao relógio esquecido no vão a marcar o piso um àngulo de noventa graus de ouro concreto. Na mesa, o café a esperar pelos degustadores habituais e o bolo sem cobertura pronto a ser celebrado pelo aniversariante. Não havia condições de planejamento festivo, mas a lembrança do lembrar o aniversariante que também era silenciosa, se inseria naquele ambiente supostamente familiar. A menina, silenciosamente aguardava os cumprimentos e celebrava com o pássaro, o vóo do renascimento. Nas asas da imaginação, ela e o pássaro percorriam longas distàncias e o sabor era de laranja que emanava do bolo. Não havia pedágio nem imposto uma vez que sonhos e vóos são secretos. O segredo voava junto e até se divertia com o jogo de esconde que de tanto esconder, sumiram o bolo, a menina e o pássaro.