Ah! como eu queria...
Eu sonhava, sonhava... dormindo ou acordada, e até rezava, pra ver se o desejo realizava.
Não era no Príncipe que eu pensava, nem no vizinho, safadinho, que detrás do muro me espiava.
A razão era bem outra, até prosaica, sem romance. O que eu queria mesmo, era revanche.
Mocinha da casa, não tinha regalia, de nada valia o que todo mundo dizia: rainha!
Rainha o escambau, só eu sabia o quanto sofria.
De manhã, logo cedo, plantada eu ficava, esperando a moçada - que entrava, só entrava, e nunca saía daquele maldito banheiro. Fazia berreiro, ninguém ouvia. O radinho ligado as notícias dava. Debaixo da água alguém cantava. Diante do espelho, um deles a barba raspava e mais um os dentes escovava. E, quem sabe, desconfio, outro ainda no trono gemia... E eu, do lado de fora, só chorava...
Banho de manhã?... Doce ilusão.
Sempre atrasada, tinha que correr, pra não perder o busão.
Queria porque queria, ah! como eu queria, um banheiro só pra mim!
Beatriz Cruz
|