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Contos-->Um Bico -- 08/11/2001 - 15:39 (Alberto Novaes Coutinho Neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eram dois Joãos, dois coveiros desventurados, dois negros miseráveis. Um “morava” numa casa totalmente feita de lona preta, localizada na invasão Elo Perdido (uma das muitas chagas sócio-econômicas da área metropolitana de Belém); o outro “residia”, de favor, na casa de sua sogra, situada no bairro da Terra Firme. Ambos trabalhavam no cemitério Santa Isabel, o maior da capital paraense.
O João do Elo Perdido tinha três filhas e dois filhos, dos quais um casal proveniente de uma união anterior. Os filhos vendiam bombons nos ônibus e esmolavam, a mulher trabalhava como empregada doméstica, ganhava sacrificados R$ 100 ao mês.
O João da Terra Firme tinha quatro filhos e três filhas: um filho morto em briga de gangue, um preso por assalto a mão armada, uma trabalhando nas noites da Praça da República, os outros, ainda pequenos, mendigavam; a mulher conseguia ganhar entre R$ 40 e R$ 65 mensais lavando roupa para fora.
Cada João ganhava R$ 50 para enterrar muitos desconhecidos a cada mês.

— Tô cansado dessa vida — retrucou João ao seu homônimo enquanto am-bos cavavam.

E pazada e suor e desalento.

— Num é só tu, mas num baixa a cabeça não, João, qui esses buracos aqui tão só esperando nós.

E pazada e calos e tristeza.

— Meu Deus, nós ganha menos qui um lixero!
— É. O lixero estudô mais qui nós, qui num sabemu nem lê nem escrevê.

E continuam cavando os tristes tições...

— Égua, João, acho qui tivi uma idéia! — gritou entusiasmado um dos Joãos.
— Porra, tu qué mi matar?! — replica zangado João, parando de cavar.
— Num quero, não!
— Tá bom. Fala então essa tua idéia.
— Quié qui tu acha di nós ganhá uma ponta? Aumentá nosso dinheru?
— Ora, quié qui eu acho! Só posso acha bom; mas... como?
— Vamu vender churrasquinho di carne eu i mais tu i mais as muié, cada um num lugar.
— Mas como qui vai sê isso? Carne é cara, nós num ía tê um retorno bom.
— Não, não... Nós vai tê sim um bom lucro, muito lucro!
— Mas como, homem, explica!
— Quem ti falo qui nós vai precisá comprar carne?



[ N. do A.: Por favor, mandem-me elogios, escrachações ou quaisquer outros comentários. Façamos a Usina de Letras, com esse tipo de intercâmbio permanente, exteriorizar suas potencialidades. Engendrando cada vez mais tal dinamismo, todos só temos a ganhar. Essa é a minha profunda vontade, ajudem-me a realizá-la!!! Um grande abraço]
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