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Discursos-->O MAIS NOVO DESABAFO -- 20/10/2004 - 09:18 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O MAIS NOVO DESABAFO

Amiga,

Gosto de saber que você percebe que este texto é “a minha cara” e foi por isso que não me importei tanto de que ele circule pela Internet sem a minha autoria. Ele é um dos meus preferidos. Não tem como fingir... Ainda que eu me esconda por trás das palavras, elas acabam revelando o meu coração. Já recebi também comentários absurdos e maldosos quanto a essas coisas que escrevo. Disseram entre outras coisas, que é plágio, só não sabem (porque não tem como descobrir) de quem. E aí está: sou plagiado e acusado de que sou eu quem faz o que jamais fiz. Alguém escreveu que transcrevo palavras ditadas por um espírito... Uma acusação mais ligada à imaginação doentia de quem está voltado para isso que propriamente por maldade. Disseram que tudo isso só pode ser coisa de Deus... Mas outros atribuíram ao diabo.
A acusação de plágio deveria ser acompanhada das provas... Justo seria que o acusador recebesse em agonia o mesmo sentimento que passa nos corações de todos nós que criamos durante as noites insones, para receber depois de clareado o dia, esses comentários um tanto quanto maldosos.
Acontece que as pessoas não conhecem uma alma encantada, e quando vêem algo assim estranham, porque é o caminho mais cômodo pra chegar às conclusões lógicas dos seus corações... Mostro a minha nessas palavras pra que saibam quem é que de fato sou... E é por isso mesmo que desde a minha infância tenho recebido (das pessoas) as incompreensões que vivo. Coisas como essas que escrevo, são tão originais como as impressões digitais dos dedos da minha alma. Essas são as coisas que tenho mais facilidade de escrever, e poderia fazê-lo dias e dias sem parar. Pra mim, escrever isso é como conversar... Melhor, como respirar. E o faço naturalmente como quem inala e exala esse perfume insuportável aos narizes das almas dos invejosos, ou carregados de outros sentimentos tão baixos como tal, que não sei descrever com precisão (como o faço com o amor), porque não os experimento... E porque não tenho com quem dialogar nessa linguagem que aflora em minha alma é que me calo e escrevo...
E escrevo só um pouco do que se passa em minha alma... Ela mastiga isso, se alimenta disso, vive isso... E é nisso que dorme, sonha e acorda...
Meus pais não tiveram culpa. Por acharem que um menino precisava muito mais de trabalhar no trabalho pesado que freqüentar escola, aprendi a ler sozinho. Aos nove anos de idade, surpreendi a todos quando recitei de cor o capítulo seis do livro do profeta Isaias. Achei lindo o texto que li escondido no livro da minha avó. Vi na época que parecia comigo... Lia, relia e flutuava como os querubins descritos. Digeri essas palavras, e voei com eles. E como o profeta, tive a mesma visão e vi o mesmo que ele viu e ainda me sinto flutuando quando essas coisas voltam à minha alma.
E, quando eu ainda criança, escrevi em outras palavras, que sou mais que o espaço entre o riso do meu pai e o choro da minha mãe. Não me lembro com exatidão as palavras e menos ainda, se li em algum lugar algo semelhante. E se li, deve ser esse o meu único plágio também jamais comprovado... E como eu não soube explicar porque é que escrevi isso, levei uma surra pra deixar de escrever besteiras sobre meus pais. Eles se sentiram ofendidos, e acharam que um menino da minha idade, não devia escrever coisas tão indecentes, muito menos a respeito do relacionamento dos pais... Minha mãe dava palmadas numa das minhas faces para que eu confessasse com quem é que havia aprendido essas coisas. E eu olhava assustado, e soluçando com o rosto vermelho de um lado e lágrimas rolando dos dois, não respondia porque não sabia, e apanhava mais porque não respondia. Desse tempo em diante sou tido como emburrado, e me pressionam sempre pra que eu fale, mas eu só aprendi a fazê-lo entes com o lápis, e de poucos meses pra cá, com o teclado...
Aquelas palavras que escrevi ainda estão aqui vivas em meu coração, e embora eu tivesse que rasgar e engolir o papel que escrevi, esse alimento serviu de vitalidade à minha alma, e hoje gosto de ver que do mesmo texto plantado à força, brotam em mim os seus frutos... E muitos frutos.
Pressionados (pelos parentes e por todos que se encantavam com o que eu escrevia), meus pais me colocaram na escola aos dez anos de idade, e eu já sabia tudo que ensinavam lá. E como aprendi a ler sem soletrar, antecipando os métodos modernos (desculpe a pretensão), lia melhor que a professora... Tinha facilidade com os números também, porque quem lê, a tem em todas as áreas... Mas um dia errei um cálculo de matemática numa prova oral. A professora não dava tempo pra pensar, e eu vacilei uns segundos. Quando corrigi a resposta, já era tarde. Os olhos dela brilharam com a possibilidade da vingança esperada. Levei uma surra de palmatória pra aprender que quem sabia era ela. Mais tarde meus pais ficaram sabendo do meu castigo, e levei outra surra pra deixar de pensar que era mais sabido que todo mundo...
Ainda não sei se sou estranho porque apanhei muito, ou apanhei muito porque sou estranho. O certo é que sou estranho e que continuo apanhado. O certo é que as minhas palavras causam estranheza nas pessoas, e como o conto “Vida de Cachorro” que escrevi como em parábola sobre mim mesmo, os lobos me acusam de ser cão e os cães dizem que sou lobo, embora viva à margem dos seus latidos e uivos...
Hoje tenho certeza que sou muito mais que o espaço entre o riso do meu pai, e o choro da minha mãe. E não escrevo a frase entre parênteses, porque tudo indica que sou mesmo o autor... Mas fico mais uma vez calado para que novamente não digam que sou louco, porque já sofri muito com isso...
Desculpe o desabafo. De vez em quando tenho que fazê-lo, e não tenho outro jeito a não ser novamente escrevendo...

Um beijo.

AS
**
Adelmario Sampaio
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