Conversando com pessoas altamente capacitadas e esclarecidas mudei minha opinião sobre os novos feriados. Confesso que foi difícil acompanhar o raciocínio, mas depois verifiquei que estava sendo incoerente e mal-humorado.
Encontrei uma jovem muito bonita, com cabelo pintado de arco-íris, e de repente surgiu o papo dos feriados de ano novo, natal, datas oficiais, etc.
Ela falou que há muitas lacunas nas homenagens, e que toda homenagem deveria ser acompanhada por um feriado, permitindo festas ou reflexões para o povo.
Diante de meu olhar cético e contrariado, puxou a figura da vovó, do vovô, do papai, da mamãe, do professor, e vi que não haveria limites para feriados. Mas, tão cândida, citou uma das figuras mais injustiçadas do país. O coelhinho da páscoa.
Com os olhos cheios de lágrimas desfilou a defesa do coelhinho. Afirmou com voz trêmula que é o único mamífero que põe ovos, e de chocolate, recheados ainda por cima, trazendo para milhões de crianças a esperança de alegria na época em que Jesus foi crucificado. Não entendia por que nenhum deputado ou senador havia deixado de homenagear uma figura tão ilustre, tão bonitinha, peludinha, que pula e mexe o focinho graciosamente.
Fiquei um pouco perplexo a princípio, mas logo vi que não entendia nada de sentimentalismo. Percebi meu erro.
Eu estava achando que os feriados são ruins por desativarem os órgãos públicos, incluindo delegacias, hospitais, escolas. Também pensei nos empresários, que pagam impostos divididos por 30, mas que deixam de faturar nos feriados, diminuindo a possibilidade de continuar exercendo suas atividades em tempos de crise.
Também pensei na falta de recursos que vão se acavalando nas cidade com os feriados, que mudam o cronograma de obras e impedem uma aceleração da economia do país, sempre ameaçado pelo fenômeno da globalização.
Coisas de gente rabugenta. Admito. Não tinha pensado que existem sentimentos tão nobres como lembrar do coelhinho da páscoa, capaz de emocionar pessoas dos 3 aos 80 anos. Têm razão aqueles que bolam feriados.
Que seria da humanidade se não existissem pessoas como a jovem Lilith, que demonstra tanta sabedoria ao lembrar das coisas belas da vida, como a candura do coelhinho da páscoa? Concordei com o tal feriado. Depois disso ela explicou que o certo também seria elaborar feriados para a mula-sem-cabeça, curupira, saci-pererê, pai-do-mato, etc,etc,etc
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