ALUNA: Mestre, eu gostaria de fazer algumas perguntas e observações a respeito destes corpos sobre as mesas de inox.
MESTRE: Corpos?!
ALUNA: Ah, desculpe... peças de estudo.
MESTRE: Prossiga...
ALUNA: Eu noto que mesmo que estas peças não tenham entrado em decomposição, por estarem conservadas em Formol, sofreram um processo de desidratação, e a pele está grossa e ressequida.
MESTRE: Sim...
ALUNA: Interessante, Mestre... olhando-as assim, nem conseguimos saber se as peças eram novas ou velhas, nem se eram feias ou bonitas, e nem mesmo saber qual era a sua cor.
MESTRE: Realmente...
ALUNA: Interessante também, que todas as peças possuem um coração, dois pulmões, um cérebro, dois rins, um fígado... enfim, todas possuem os mesmos tipos de órgãos, e em quantidades iguais.
MESTRE: Verdade!
ALUNA: Mestre, em qual parte da peça eu descubro a sua religião?
MESTRE: Isso não é possível.
ALUNA: Em que parte posso descobrir se era rico ou pobre?
MESTRE: Isso também não é possível.
ALUNA: E como posso saber se era bom ou mau?
MESTRE: Não pode.
ALUNA: Descobrir de qual país ou cidade veio, é possível?
MESTRE: Não, não é.
ALUNA: Ah! Entendi! Após a morte nossos corpos se transformam simplesmente em peças... sem diferenças de cor, posses, cargo, profissão, origem ou credos.
MESTRE: Verdade!
ALUNA: E entendi mais... o que nos torna realmente seres que pensam e agem, que amam e odeiam, é algo que não está em nenhuma parte da peça, mas em algo que transcende.
E o que realmente nos importa saber é que como peças, o nosso fim nos iguala.
Mas, como seres transcendentes que somos, nos diferenciamos; e no respeito às diferenças é que evoluímos e caminhamos para um mesmo fim: a Irmandade Cósmica!