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Cartas-->Segunda carta à Violeta Bacamarte -- 23/01/2011 - 20:53 (Alfredo Domingos Faria da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Segunda carta à Violeta Bacamarte
(insetos no armário e na vida)

Disse a você, outro dia, da minha necessidade de operários, lembra-se? Continuo precisando de pedreiro, pintor, marceneiro e mais alguém, talvez. Tenho que recuperar alguns cômodos arrasados. Devido à invasão, o que era de madeira foi para o bebeléu. Partes de cimento também foram danificadas, pelo incrível que possa parecer. Para você entender, passo a contar a pequena história familiar: mês passado, descobri que cupins haviam invadido a minha casa. Notei aquele tradicional rastro de pó. Armários de banheiro, roupeiro no corredor, onde havia "n+1" toalhas, colchas, etc., e o quarto do meu filho. Pois bem ou pois mal, foi o caos. Dizíamos: - perdemos tudo, que prejuízo! Qual nada! O que não se aproveita ou não se tem não é perdido. Com calma, percebi como mantemos tanta coisa guardada sem utilidade. Para quando e para quê? Aquela toalha de mesa da Ilha da Madeira, toda amarelada, dada pela Vó fulana em 1951, que passou pra mãe, e daí para a filha. A colcha de piquê, presente de casamento da Tia Carlota. Os lencinhos bordados pelas irmãs reclusas do Convento das Clarissas, verdadeiras maravilhas, etc., etc. Tudo sem uso. Tudo devorado pelos cupins. Nunca ninguém usou. Ninguém usará. Que pena! Pena nenhuma. Era para ter usado e bem usado. Não adianta guardar. Vacilamos! O cupim se fartou e lambeu os beiços. Só para saber: cupim tem beiço? Não importa. Então, fica o recado: tenha pouca coisa e aproveite. Estragou, jogue fora e compre mais, dentro da necessidade. Acredita que acabei ficando aliviado em me desfazer de tanto bagulho?
Assim são os aborrecimentos. Temos que jogá-los fora. Descartá-los. Tem agravante, quando não fazemos: os cupins não comem. Ao contrário, são eles que nos corroem. Arranham o nosso humor. Aniquilam a paciência de qualquer cristão. Até porque, logo, logo, outros aborrecimentos virão, não é? Acumulá-los é pecado mortal! O ressentimento alimentado traz doença e inimigos. A mente fica embaçada, povoada de maus pensamentos. Respire fundo. Esfrie a cabeça e toque o bonde. Ensinaram-me a caminhar para espantar os males. Não é que dá certo! Baixa logo o nível de estresse. Serve como terapia, sendo mais barato, claro. Agora, não podemos fazer igual ao meu primo. Ele sai caminhando e se aborrecendo com as coisas erradas que vê. Reclama dos carros na calçada. Incomoda-se com os cães inconvenientes a farejá-lo. Acha um absurdo a poda desmedida das árvores. E assim em diante. Aí a terapia desanda, não dá boa obra. Outro dia estava encucado com o chamado problema de família, quando resolvi sair pela vida. Fui indo, aqui e ali. Acabei parando para beber uma gelada. A conversa ficou tão animada que me esqueci da hora e do tal problema. Bom pra mim. Voltei leve.
Eureca! Descobri um aspecto positivo para o aborrecimento, em contrapartida ao cupim. O primeiro pode ser contornado. O segundo só matando.
Até mais! Fique bem.
Alfredo Domingos Faria da Costa
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