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E se houver pedras no caminho,
eu as coloquei.
Culpes-me, também, por espinhos e feridas,
e não te furtes ofender-me pelas lágrimas.
Lastimes a ausência e maldigas minha fuga,
aos lamentos teus.
Enojes-te à lembrança minha,
e não esqueças de odiar-me nos anseios,
e do rancor que te eclodir do peito,
faças minha redoma de viver.
Deixes-me, entanto, conhecer-te em transe,
quero a vaga destas dores nuas,
que presenciam as horas tuas,
nas noites do teu prazer.
. . .
E se não mais houver pedras no caminho,
eu as retirei.
Agradou-me, também, aliviar-te os espinhos,
e as chagas doloridas,
mas não te esquives das impertinências,
se delas de lembrei.
Já não mais tens amargor,
tuas palavras soam amenas, de carinho,
vais lembrar-te, unicamente, horas felizes,
os prazeres teus, no amor,
e destes beijos,
que te apagam as cicatrizes.
AdeGa/86
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