Eu,
que madruguei no entusiasmo do tenor,
embriagado em operetas de primavera,
saí a murmurar pelos campos de colheita.
Usei da sombra das árvores,
meus esquecidos pontos de encontro,
e seus troncos tatuados por cálidas mãos,
de um apaixonado muito atrevido.
Assisti recortes espalhafatosos,
frases soltas, palavras distorcidas,
carcomidas entre desenhos sem forma,
nos tortuosos rabiscos juvenis.
Rabiscos em forma de corações,
espetados e feridos,
pelos dardos de um cupido,
inspirando recordar velhas canções.
Um passo para trás,
um pertinente calafrio de melancolia,
por rever nas cicatrizes do lenho,
o desconsolo de lembranças tão vivas.
A canção que amordacei ao longe,
na melodia que outrora ferido feri,
quando marquei o desencontro,
o único que ocorreu entre eu e você.
AdeGa/96
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