O SER E A CIDADE
Ah! Catalão,
deixei um ventre quente
para nascer aqui.;
tornei-me bebê apenas
para fazer-te vibrar nos sonhos
e cobrir-te de anjos celestiais.
Depois criança
fiz algazarras,
gritei, brinquei,
corri nas praças...
pus alegria nas suas ruas.
Fartei-te de vida, de cores e sons,
doei-te os tons das tuas manhãs
somente para ver-te brilhar feliz,
minha Catalão!
Quando adolescente,
busquei cultura, quis o saber,
para que te orgulhastes
quando no futuro
fosse representar-te
em outras plagas.
Assim, pouparia-te
o transtorno de arcastes
com as minhas imperfeições.
E quando jovem,
Compus poesias e me fiz pintor,
fui o cantor de tantas serestas,
fiz galanteios nas madrugadas...
tornei-me um romântico apenas
para ocultar-te nas nuvens de amor.
E quando homem já feito
com calos nas mãos,
com os olhos nos livros,
ou extraindo teus minérios,
proporcionei-te a riqueza,
fiz tuas honras e divisas,
gerei teus lastros.
Depois já cansado e idoso,
distribui a todos a experiência.;
fiz da classe e da excelência
valores mais perceptíveis
que a própria presença.
Por saber que ficaria para sempre
nesta terra apenas os meus exemplos,
minha Catalão!
Agora a morte já é iminente
não assusta-me, nem apavora-me.
Pois muito antes que me esqueçam
em outro canto, minha Catalão,
nascerá outro bebê, e deste novo ser
novamente uma luz brilhará forte
sobre tuas casas, sobre o teu povo,
sobre nossa querida Catalão...
santa terra abençoada por Deus.
|