Houve uma época em que eu sonhava sentar num tapete voador e sair por aí. Devia ser gostoso... Já imaginou? Ver tudo lá de cima... Ir de um lado para o outro, chegar a lugares distantes... Melhor do que avião. E mais barato também. Aliás, seria de graça.
Teria que ficar naquela posição de ioga, com os pés para dentro e usar turbante. De braços abertos podia sentir o vento e, talvez, eles servissem para mudar a direção. Era só girar também o tronco um pouco pra direita ou para esquerda. De braços cruzados, andaria em linha reta.
Não havia perigo na decolagem. Uma palavrinha mágica era o suficiente para que ele deixasse o solo. E lá vamos nós, eu pensava, contentíssima. Passava por cima da casa dos amigos, via as pessoas como formiguinhas lá embaixo. E ia embora... Alcançava a serra, avistava o mar...
Na descida é que era mais complicado. Tinha que baixar devagarzinho e encontrar direitinho o quintal lá de casa.
Uma coisa que jamais me preocupou foi como permanecer tanto tempo no tapete, sem escorregar.
Mas sonho é sonho, dormindo ou acordada, a gente sempre dá um jeito de não se espatifar.