KIWI, ABACAXI...
Maçãs não entravam lá em casa, eram frutas caríssimas, importadas da Argentina. As laranjas do quintal, muito ácidas, serviam apenas pra laranjadas. Mamoeiros existiam aos montes, e o mamão comíamos em fatias, cobertas de açúcar. Papaia eu não conhecia, por aqui não havia. Mamoeiro pode ser macho ou fêmea, sabia?
Em quase todas as casas a gente via pequenas parreiras e as uvas, verdinhas, eram bem azedinhas.
Tinha também maracujás pendurados em cercas, com flores roxas que pareciam de renda. Eu comia abio, fruta selvagem, amarela por fora, de miolo branco, meio gosmenta. E das romãs catava, admirada, as sementes rosadas. Carambolas cortadas em fatias eram como estrelas a alegrar meu dia.
Goiabas,eu comia de montão. Das vermelhas, as brancas descartava, pois nelas sempre um bichinho achava. Era da mesma cor da semente, mas andava... que nojo!
Hoje temos deliciosos caquis e abacaxis, laranjas de toda espécie, mexericas cariocas, poncans e bergamotas. Sem contar as uvas graúdas e os peludos kiwis.
De mangas coquinho eu não gosto, nem daquelas que deixam fiapos nos dentes. Prefiro Tomys ou Aden, grandonas, amarelonas, uma só pra família suficiente.
Beatriz Cruz
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