Leitura do livro Alegria e Tristeza, segundo o Evangelho Bidiónico
Quem decide é o freguês, ou melhor, o que recebe e o que dá. No Sertão, é comum nessa época de festejos, chegar alguém ou uma caravana de amigos com o propósito de arrancar ao menos, uma vez na vida, um pouco de alegria na tristeza. Não importa que seja uma alegria um pouco sem graça, pois o fundamental nela é que exista. A intenção que há em dar ou doar um pouco de qualquer lembrança natalina, ou mesmo um pouco de atenção, é o que fica registrado ainda que passe imperceptível aos interlocutores: ator e receptor. Uns, são felizardos pelo fato de receber mais que dar e geralmente não se dão conta da sorte que têm à disposição. Outros, são sempre gratos, pois tem a gratidão como o princípio, meio e finalidade de tudo. Somente quem passou pela dor em nada ter, sabe o real valor do que se doa( seja, um presente, uma humilde lembrança, ou mesmo um pouco de atenção). É importante observar a presença do princípio relativo nessa situação para não cair na cilada de estarmos confiantes demais nos sentimentos alheios. Sigamos então adiante, sempre observando que o destino final de todos (independentes da situação), é a boa e mais antiga certeza que existe na vida: a terra que irá acolher o corpo para alimentar outros seres.