VOTO COMPROMETIDO
(Por Germano Correia da Silva)
Estamos vivendo o limiar de momentos picantes das expectativas pré-eleitorais em todos os cantos e recantos do país. As promessas feitas e suas efetivas realizações ao longo desse período tendem a se perder no tempo e no espaço. Cafundós do Judas, lugar onde reside Jô Formigão, não consegue ser diferente dos demais lugares. Ali atuam alguns representantes do povo de “fichas limpas“ que ainda são useiros e vezeiros em arregimentar seus fiéis escudeiros para atuarem de “corpo e alma”, a seu favor, antes, durante e até no período pós campanha eleitoral.
Os votos que serão dados para os candidatos no dia da eleição, aos olhos da lei eleitoral vigente, deverão ser espontâneos e a maioria dos eleitores, a exemplo do Jô Formigão, já deveria saber a quem dar o seu voto, bem antes do dia em que ocorrerá o pleito.
Alguns eleitores de Cafundós do Judas, afeitos à cultura local e às condições impostas pelos seus representantes, já sabem de cor e salteado em quem votar. Contudo outros, menos comprometidos com as propostas e projetos dos candidatos em geral, fazem pouca questão de saber.
Ao contrário do que ocorreu nas eleições anteriores, os familiares de Jô Formigão estão preocupados com as intenções político-partidárias dos seus candidatos. Algumas pessoas, sobretudo as mais instruídas, já estão prevendo que desta vez ocorrerá algum tipo de violação dos preceitos eleitorais.
Há suspeitas de que certo candidato esteja oferecendo, entre outras coisas, um par de sapatos para quem votar nele. Comentam, por baixo dos panos, que a proposta desse representante do povo é, no mínimo, mal-intencionada, pois consiste da entrega de um sapato do pé direito durante a campanha eleitoral e o outro pé, bem depois, acaso ele for eleito.
Jô Formigão, que é um desses cidadãos trabalhadores que não gosta de levar algum tipo de vantagem por mais simples que seja, já aconselhou a alguns conhecidos seus a não participarem desse tipo de negócio e até aproveitou o ensejo para fazer um questionamento:
- Já pensou se ao final das eleições esse representante do povo não cumprir a promessa de entregar os sapatos faltantes ou, por conta de sua influência político-partidária, resolver instruir o dono da loja de calçados local a cobrar o dobro do preço pela venda dos sapatos “avulsos” que alguém for procurar lá? De qualquer maneira, o voto do seu eleitor estará comprometido - concluiu.
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