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Artigos-->Prece do Ser Maduro -- 08/04/2000 - 01:15 (Fernando Antônio Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Para aquelas pessoas maduras que estão se sentindo inúteis ou com pouca valia diante de um cotidiano aceleradamente estrepitoso, indico a leitura diária de uma pequena oração, encontrada numa gaveta de escrivaninha de senhora de classe média quase alta pernambucana, nordestina de quatro costados, testemunha ocular dos ontens faustosos por aqui acontecidos, dela distanciados pela ausência de folgado numerário e desaceleração dos encantamentos físicos. Um texto redigido de próprio punho, uma prova inequívoca de busca por uma postura compatível com a maturidade dos anos já chegados.

Agradecendo à minha caríssima Sylvia Martins Vieira, de saudosas tertúlias nos arredores da Praça da Casa Forte, reproduzo o texto encontrado, dele extraindo mínimos detalhes que poderiam identificar nomes e sobrenomes:

“Pai, agora que não estou mais no tempo de alimentar tolas ilusões, aguça todos os meus sentidos, para que eu possa perceber a beleza das realidades terrestres.

Pai, agora que as mil opções foram feitas e inúmeras portas se fecharam em definitivo, dai-me o dom da aceitação para que as renúncias não sejam um fardo demasiadamente pesado para meu resto de viver.

Pai, agora que a soma dos meus inúmeros erros derrubou as ilusões de onipotência, não me retire nunca o meu ideal de continuar tentando acertar, sempre contando com a sua Graça infinita.

Pai, agora que os incontáveis desenganos e incompreensões ampliaram o meu ceticismo, conserva minha boa fé na Humanidade e a minha firme disposição de continuar bem servindo às criaturas, seus filhos muito amados.

Pai, agora que as forças do meu corpo começam a esmorecer, alerta o meu espírito, livra-me dos comodismos do cotidiano, redobrando minha vontade de permanecer lutando até os últimos instantes de minha existência.

Pai, agora que aprendi a ver a precariedade das coisas, a limitação da nossa luta e a insignificância da nossa altivez, afasta-me dos desânimos desagregadores, ampliando minha auto-estima, deixando-me cada vez mais consciente de que “nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia”.

Pai, agora que já alcancei o ponto de perspectiva que me dá uma melhor visão do pouco que sei, livra-me da defesa fácil de colocar viseiras e anteparos, e ajuda-me a envelhecer com a mente aberta dos destemidos, dos que sabem suportar as revisões comportamentais até o instante da eternização.

Pai, agora que aumenta o número de criaturas que me olham e esperam alguma coisa de mim, dá-me um pouco de sabedoria, ensina-me a pronunciar a palavra certa, inspira-me o gesto exato, norteia minha atitude, dignifica mais o meu agir com os mais jovens, mais viris, mais bonitos e bem mais dinâmicos.

Pai, agora que perdi a abençoada cegueira da juventude, só podendo continuar amando de olhos bem abertos, redobra minha compreensão sobre a solidariedade humana, ajuda-me a superar todas as mágoas, protegendo-me das amarguras do ocaso.

Finalmente, Pai, concede-me a Graça de não cair na desilusão, de não chorar os meus passados, de continuar sempre disponível, de jamais perder o ânimo de envelhecer sempre jovem, e de chegar à sua Presença ainda com inestimáveis reservas de amor”.

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