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Infanto_Juvenil-->Meu pai -- 08/08/2008 - 12:51 (Beatriz Cruz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MEU PAI



Em casa brincava com os filhos pequenos, ajudando-nos a fazer cabanas com almofadas do sofá. Ainda menina, sempre que passava perto dele, prendia-me pelos braços. Para livrar-me tinha que dizer “dá licença, faz favor”. Era a senha, não havia outra maneira. Eu não sabia por que aquilo acontecia com tanta freqüência, mais tarde é que descobri: o que eu realmente dizia era “dá licença, faz sazor!” E ele se divertia.
Anos depois, quase o mesmo acontecia com um de seus netos, com quem ele saía aos domingos para comprar “as empadinhas”. Ele provocava e João Paulo, de quatro anos, dizia a todos que vovô tinha lhe dado uma “zimpadinha” antes do almoço.

Houve uma época em que ele não nos permitia beber água durante as refeições. Tínhamos que inventar saídas da mesa, para ir ao banheiro, era sempre a desculpa. Fingíamos, é claro e na volta passávamos perto do filtro para um golinho escondido. Pensávamos que ele não via e ele fingia não ver também. Mas de vez em quando dava-nos um flagra! E trazia o infrator puxado pela orelha...

Sempre gostou desses flagras, principalmente quando já estávamos mais velhos e chegávamos tarde em casa. Bem mais tarde do que o previsto. Quantas vezes de madrugada, subindo a escada na ponta dos pés, levei um susto danado ao dar de cara com ele na penumbra, esperando-me lá no topo!

Certa vez, depois de deixá-lo no aeroporto de Congonhas, sentimo-nos liberados para fazer uma traquinagem. Como a melancia era fruta proibida em nossa casa, porque lhe fazia mal, aproveitamos sua ausência e compramos uma bem grande. Após o almoço, cada qual com uma fatia na mão, degustávamos a deliciosa fruta vermelha quando a porta se abriu e o doutor José Geraldo entrou glorioso na sala. Quase engasgamos. O dia fortemente nublado tinha provocado atraso em todos os vôos. Cansado da longa espera, ele desistiu da viagem.

Neste dia o flagra não deu certo. Éramos sete contra um: seis filhos e mais dona Laura de quebra. Sem alternativas, ele não perdeu o rebolado. Sentou-se à mesa e comeu melancia também.




Beatriz Cruz



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