Um dia, quando não for mais campo, serei floresta e farei a sesta de algum ser. As formigas farão caminhos sinuosos por entre meus galhos e presenciarei a formatura e o baile dos bichos encantados. Os rios cantarão a sinfonia das águas em correntezas profundas a levar algo mais que o barulho da vida em seu estado líquido. Porque tudo o que é bruto, deve ser lapidado e admitido em sua liquidez a dar-lhe a ousadia de adequar-se ao bruto sem o sê-lo. É a fluidez que garante a sobrevivência ao inóspito das pedras robustas que ao tempo, devotam a esperança. Pedra, água e floresta se unem e se entrelaçam em notas musicais e titulam determinando a sentença de uma morte sobreposta à vida sem vida de um poeta sem sonho. Guarda nele a esperança do verde que ensaia o balé dos musgos a fazer moradia sobre as pedras nos leitos e nas margens de um rio sem vida...sem cor... com a sorte da brevidade de uma peça sempre a estrear com cortinas fechadas. O palhaço ensaia tudo ao vivo e à cores, com as dores da floresta desmatada e sepultada por lamas de minério a abrir sepulcros vivos na lama do capital exacerbado sem a medida do senso crítico. Se a morte é vida, a vida é seu sepulcro.