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Artigos-->O HOMEM QUE MENTE -- 20/08/2001 - 19:56 (Lílian Maial) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O HOMEM QUE MENTE





A mentira é o pior germe infiltrante e contaminante de uma relação.

Conviver com alguém implica, necessariamente, em cumplicidade.

Começa a acontecer naturalmente uma seleção de responsabilidades, ou melhor, de atribuições entre o casal.

Há sempre o que é mais prático, racional, mais “terra”, e aquele que é mais sonhador, mais passional, mais “nas nuvens”. Em ambos existe, acima de qualquer coisa, a confiança. Aquela certeza que nos faz não ter que pensar sobre certos assuntos que já são considerados como certos e esperados.

Tudo muito bom, tudo fluindo com muita paixão, muito amor e liberdade. Diálogos, respeito, verdades. Ótimo! Amar é realmente muito bom, faz a vida parecer leve, fácil, bela.

O tempo passa, o relacionamento cresce e amadurece. O namorico solidifica um sentimento pleno, gratificante, de contar com o outro, de não se estar só no mundo.

Aí, em determinado dia, o telefone toca e você descobre, casualmente, uma pequena mentira. Algo sem muita importância e, por isso mesmo, absolutamente desnecessária, que em nada modificaria suas vidas. Você estranha, mas não dá muito valor, justamente pela falta de conseqüências acompanhando a mentira. Nem chega a comentar o que descobriu e pensa que tudo passou e foi esquecido.

A vida continua. Tudo muito lindo. Amar faz bem.

Certo dia, uma correspondência estranha. Você fica curiosa, mas não abre, ela não é sua.

Ele a abre meio que escondido e não faz comentários.

Você questiona, ele mente.

Você acredita, afinal, não teria motivos para duvidar daquele parceiro de tantas cumplicidades.

Até que chega outra cartinha. Sua intuição pede para abri-la, mas sua formação regateia, e mais uma vez você não segue seus instintos, preferindo ficar com a “moral e bons costumes”, além de uma singela “pulga atrás da orelha”.

Novamente ele chega, pega a carta, disfarça bem e só vai abri-la no banheiro, trancado.

Você percebe, fica quieta e espera que ele esclareça ao sair.

Qual nada! Ele sai muito tempo depois, nem toca no assunto.

Você o aborda e ele mente.

Você desconfia, mas engole a mentira.

E por que engole? Porque tem medo da verdade. Sabe que há algo que não está correto, já que você não pode compartilhar.



A partir dali, a relação fica instável, você está desconfiada e impaciente, tudo é motivo para duvidar. Se torna chata, questiona, se mete, discute, enfim, transforma-se na mulher que tanto abomina.

A convivência vai ficando cada vez mais difícil, o carinho vai sendo reduzido, substituído pela tristeza, a vontade de estar junto vai desaparecendo.

Qualquer atraso é encarado de outra forma, qualquer saída da rotina causa sensação de traição.



Na carta seguinte, você não agüenta e abre, e descobre o que já sabia: ele mente.

Aí tudo desmorona, porque mesmo que o motivo da mentira e das cartas, o remetente e os telefonemas, não sejam nada demais, sem grandes importâncias, só o fato dele enganar por isso já significa que mentiria (se é que já não o faz) para coisas bem maiores, e com a mesma cara de pau.

E como contar com alguém que mente, que trai a confiança, que esconde?

Como confiar suas finanças, seu sono, seu amor, sua vida, a alguém que omite?

Como ser feliz sem ter certeza?



A mentira é um vício. Tem mentiroso contumaz, que mente apenas por não saber dizer a verdade. Pode ser uma doença, uma forma de fobia, ou apenas uma grande canalhice. Não importa, ele não diz mesmo. E se dissesse, você acreditaria?

É possível que a mentira tenha tratamento ou até cura. Mas você nunca vai saber, não é mesmo?

Quando ele disser que a ama, você vai assimilar como verdade?

Quando ele falar que vai ali e já volta, você vai imaginar que ele apenas vai calibrar os pneus do carro no posto?

Quando ele receber um telefonema e sair da sala para falar no quarto, você vai entender que foi simplesmente para não atrapalhar a melhor parte do filme que você estava assistindo?



Ai, a mentira é daninha, vai corroendo o amor. A cada nova descoberta, nova cicatriz e sensação de exclusão, de solidão. A velha solidão a dois. E ela existe. Ela não é uma mentira. Ela está bem viva, matando o amor.



Livre-se dela!

Nem que para isso seja necessário livrar-se dele, para achar a sua verdade e o seu real caminho.





Lílian Maial

Rio, 20/06/01.



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