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Textos_Religiosos-->O PAPA EM ANGOLA - POR PADRE MÁRIO DE OLIVEIRA -- 05/03/2009 - 18:24 (Benedito Generoso da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DIÁRIO ABERTO DE PADRE MÁRIO
________________________________________
2009 MARÇO 05

Ainda há Igreja católica em Angola? Ou tudo não passa de um grande equívoco, de uma espécie de estado católico dentro do estado laico, uma poderosa sucursal da Transnacional católica sedeada no Vaticano? Diz a agência Ecclesia que o papa Bento XVI viaja este mês, de 20 a 23, à sua sucursal em Angola. O programa prevê a celebração de duas missas, uma no sábado 21, o dia seguinte à chegada, e outra no domingo 22, véspera do regresso a Roma. Mas o primeiro acto do papa em chão angolano e africano é de chefe de Estado do Vaticano, uma vez que à sua chegada, Bento XVI tem a esperá-lo no aeroporto o presidente da República Popular de Angola, José Eduardo dos Santos. E não vai, certamente, deixar de apertar calorosamente as suas mãos tintas de sangue, de muito sangue, de inúmeras vítimas humanas que ele fez, para chegar ao lugar de Poder que hoje ocupa e em que se mantém, ao longo de todos estes anos, e de espoliações, roubos e negócios sujos de toda a ordem, que isso é o que o Poder Político mais e melhor sabe fazer lá onde chega e se implanta, também em África, com eleições ou sem elas. Quando, no pensar dos ingénuos, é suposto que o Poder Político defende as populações dos lobos que as cercam e assaltam por todos os lados, ele, precisamente porque é Poder Político, é o primeiro lobo das populações, disfarçado de Estado e de chefe de estado. A colossal e obscena fortuna de José Eduardo dos Santos e da sua família mais chegada, de algum lado lhe vem. E que se saiba não vem, nunca poderia vir como consequência directa do trabalho das suas próprias mãos. Os dois chefes de Estado conversarão, depois, a sós e os povos de Angola, de África e do resto do Mundo ficarão para sempre sem saber o que eles dirão um ao outro. Concretamente, ficarão sem saber se tudo se fica por palavras de circunstância, mais ou menos folclóricas, como ingenuamente somos levados a pensar que sim, ou se, pelo contrário, serão palavras secretas que selam grandes interesses para as duas grandes potências em presença. Prefiro não ser ingénuo e pensar que o que faz correr o papa Bento XVI, ou outro qualquer que, como ele, ande a reboque da toda-poderosa Cúria Romana, a Máfia maior de Itália (e também do Mundo?), não são as missas sem profecia a que ele ritualmente preside lá onde quer que vá - uma prática que Jesus, o de Nazaré, nunca seria capaz de protagonizar na sua missão política ou messiânica - mas os grandes interesses nunca confessados em público, que para isso também serve a diplomacia e o sigilo diplomático. Surpreendentemente, e propósito desta visita papal que, como acabo de dizer, será iniciada com um encontro entre os dois chefes de Estado, o de Angola e o do Vaticano, há um teólogo angolano, padre católico, que, como eu aqui, se mostra deveras preocupado e também não se inibe de o dizer publicamente.. Escreve: Angola já passou por mil vicissitudes no que diz respeito à prática da religião, tais como a instrumentalização política da religião pelo Estado colonial, a reacção do comunismo ateu, durante a revolução e a guerra civil, e agora assistimos a uma certa crise ético-moral e religiosa na vida de muitos angolanos. Actualmente, muita gente parece “tranquilizar-se” com a simples pertença sociológica à Igreja, desde que não se lhe toque nas questões fundamentais do ser cristão (sublinhados meus, este os seguintes). O teólogo em questão é o Pe. Jerónimo Cahinga, certamente uma das poucas cabeças da Igreja de Angola ainda lúcidas e abertas ao Espírito de Jesus, alguém a quem o Evangelho ou a Boa Notícia de Deus ainda consegue tocar no mais profundo do seu ser. Por outra parte - prossegue o teólogo no seu alerta-denúncia - parece que com a [actual] aproximação entre a Igreja e o Estado, o discurso profético que caracterizou a hierarquia católica, durante o tempo do comunismo e da guerra, tornou-se, agora, pacífico, mesmo diante de gritantes injustiças sociais. A Igreja angolana corre o risco de viver uma «paz constantiniana» do séc. IV. Passado o tempo da perseguição e martírio, a Igreja de Roma, apanhada de surpresa, procurou encontrar no âmbito do Império romano um espaço de acomodação. Ela viu-se na necessidade de recorrer às estruturas estatais para se organizar. O Estado, por sua vez, tinha todo o interesse em se apoiar na Igreja, não tanto porque se tinha convertido, mas sobretudo para se estabilizar. Por isso, estreitou as suas relações com a Igreja, favoreceu-a e concedeu-lhe privilégios, mas passou também a dominá-la como Igreja católica imperial… E depois, quando o Império entrou em estado progressivo de desintegração, os seus efeitos também atingiram a Igreja profundamente. Em Angola, depois da instrumentalização da religião no tempo colonial, depois da perseguição e martírio durante a guerra civil, surge agora uma paz semelhante à constantiniana. O receio é de vermos uma Igreja angolana com sinais obnubilados de subserviência. O que pode acontecer é que a Igreja angolana confie demasiadamente (como o fez a Igreja primitiva) num Estado secularizado e não realmente convertido, e venha a sofrer a mesma crise como outrora. Quem assim se expõe não ficará certamente impune. Tudo o que escreve o teólogo católico angolano é manifestamente mais do que oportuno. Mas, azar dele, não é politicamente correcto. Nem eclesiasticamente correcto. Dificilmente, por isso, o Pe. Jerónimo Cahinga será, algum dia, bispo da Igreja de Angola, a menos que mude radicalmente de postura, de teologia e, por isso, de Deus. Passe a venerar /adorar o Ídolo como faz a generalidade do clero católico, párocos e bispos, cardeais da Cúria Romana e o próprio papa Bento XVI. Alerta, meu irmão, Pe. Jersónimo. Quando o Poder entra num ser humano, instala-se como em sua própria casa e faz desse ser humano um funcionário seu. Em linguagem mítica, como a que se utilizava no tempo em que os Evangelhos canónicos foram escritos, dizia-se que um tal ser humano ficava possesso do demónio. Hoje, que deixamos os mitos, pelo menos, os mais primitivos, já não dizemos mais assim. Embora continuemos a mentir, quando propositadamente confundimos Poder Político com Política. Não lhe chamamos mais "demónio". Evoluímos e chamamos-lhe "Poder Político". Mas é a mesma Perversão. E o ser humano que se deixa possuir pelo Poder Político (ou pelo Poder Religioso, ou pelo Poder Económico-Financeiro, ou pelos três ao mesmo tempo), torna-se progressivamente um monstro que, se for deixado à solta, arrasta tudo e todos para o abismo. Jesus, habitado e possuído pelo Espírito Criador e Libertador de Deus, seu e nosso Abbá, nem sequer Igreja quis que houvesse, para também não haver Poder. E garantiu-nos que só se revê e está actuante, lá, onde dois ou três se reúnem em seu nome. O teólogo angolano que daqui saúdo pela sua audácia e lucidez, põe corajosamente o dedo na ferida. Dificilmente, passará sem ser advertido /penalizado pelo seu bispo diocesano. Mas as suas palavras de alerta e de denúncia estão aí. Vêm dizer-nos que ainda há Igreja em Angola. Mas não a confundamos com o o folclore eclesiástico que a visita do papa Bento XVI vai mostrar ao Mundo. Procuremo-la junto de mulheres e de homens como o Pe. Jerónimo Cahinga, teólogo angolano.

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