...SAUDAÇÕES MINHAS
(cantiga aos inquietos)
Ouvi o tarol e corri ao portão,
com os pés no chão.
Quente o sopro da tarde,
principiante, desconhecida,
festejada (?) e querida,
silhueta invisível do verão.
Foi para reconhecer tua aura,
que destrocei mil brochuras.
Olhei rua acima não te vi,
rua abaixo não te ouvi,
esqueci o tema e o verso,
por muito pouco não te odiei.
E quando abandonei outra lira,
pisando os quatro cantos
[que os cardeais apontam,
nenhum’alma te viu passar,
nenhum’alma te viu passar,
mas reconhecem-te o encanto.
Ao menos uma primeira alegria,
procuro-te na lucidez do dia,
no escuro não tenho ócio,
pois sei que te sentiram,
muitos dizem que te viram,
é certo que ter-te eu possa.
Nem imagino teu semblante,
mas anseio envelopar-te,
a milhões de muitas gentes
[e em milhões de endereços,
que te recebam festejantes,
e desconheçam o remetente.
Bom reconhecer tua força,
inda melhor ver o que fazes,
inda melhor saber-te eficaz,
sentir tua aura sem tocar-te,
dar-te o nome sem te ver,
mas espalhar-te, minha paz.
AdeGa/96
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