Eis minha esquerda face,
que renasce a cada inspeção,
a cada manhã de conspiração,
diante de ti, ó! espelho d’alma,
modelo de calma e saber,
tua presunção (?) de sapiência,
ou minha ignorada inocência.
Minha face esquerda.........
Quero que vejas como é pura,
ó !, a nova noite escura,
a face que outras noites modificou,
que melhorou no conhecimento
[e descobriu a força da expressão,
que é preciso ver cara (e) coração.
Esta minha esquerda,
que gestos suaves inspira,
ó ! descabida mentira,
à minha mão e meu pé canhotos,
e concebe que meu olho esquerdo veja,
a lágrima alheia verter do pranto,
que meu esquerdo ouvido sonda.
Minha esquerda face,
eis que a ti ora exponho,
ó!, minha alma enternecida,
pois se me vem agora este motivo,
ao conhecer meu esquerdo pensar,
que brota “direito” quiçá pela razão,
do coração, o lado esquerdo habitar.
AdeGa/98
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