Lá no céu pairava o silêncio celestial,
o pasmo do éter tinha ouvidos
[e dos anjos a leveza das asas a flutuar,
enquanto aguardavam a voz do Senhor.
Os tempos estavam reprimidos,
não havia sinais para novos movimentos
[e os guardiães da vida repousavam,
como se a trégua não fosse finita.
Mas eis que uma leve brisa despatriada,
professou aos anjos trabalho urgente,
lançado do ermo ao indefinido,
para atender na terra esta alma carente.
Tão suave sopro não representava tanto,
designou-se um guardião apenas,
para que atendesse o premente apelo,
dito na interceção de um zeloso santo.
Das bençãos de um olhar de Deus,
creio que ouvindo fervorosas orações,
é certo que senti a chegada de um anjo,
aplacando o sofrimento de queridos meus.
AdeGa/97
"Ai de mim, apenas mais um pecador, acreditar
no privilegio deste sentimento (que por vezes
me toma de assalto), que me faz crer que um anjo
veio atender minhas oracoes". |