Vê, ao longe a adaga de bronze
[que cintila no ar,
faiscando, tal e qual flechas
[o céu a espetar ?
Seu lampejo dourado
[esconde um corisco a marchar
[e oculta também o montado,
que deseja reaver tempos idos,
na memória cravados,
como fossem sua história contar.
Vem chegando lentamente,
reluzente de ouro e prata,
no deserto insolente
[ou na selva imprudente,
e encurrala qualquer ruído
[retorcendo a chibata.
Sem prumo, mas de certo rumo,
não interessa apressar,
e que droga de areia
[que bem nos olhos da veia
[arde, imitando sangrar.
O corpo a couraça carrega,
alforje se esfrega,
esfrega até machucar,
mas não sente a ferida,
nem mesmo é despedida,
é seu regressar.
Cruza cruzes sem chorar,
e jardins não encontra,
com cinzas sopradas vai ter,
de pedaço levado de seu,
porém, que prantos e preces,
jamais lhe poderão devolver.
AdeGa/85
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