Ora, ora !...
Novamente me surpreendo acordado,
novamente em nada penso
[e quando nada perturba este siso,
então, só o pasmo da madrugada me excita,
e a madrugada me faz perder o juízo.
Os pensamentos se perdem no princípio,
um precipício escancara à borda da mente,
então, nele deixo rolar abaixo meu divagar,
um precipício que se perde no princípio,
e a inércia do siso me faz perder o juízo.
Quantas outras madrugadas se perderam,
onde quis fazer uma passadela,
uma janela para encontrar um pensamento,
sórdido que fosse, que tivesse começo e fim,
e que enfim, fizesse útil o precoce despertar,
entanto, as madrugadas roubaram-me o juízo.
Melhor voltar para debaixo do edredom,
esquecer os racionais que sequer encontrei,
me encolher todo, tiritar feito um medroso,
onde é gostoso esconder minhas quimeras,
tantas que juntei para construir um paraíso,
desde antes, muito antes de perder o juízo.
AdeGa/98
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