BATE-PAPO
Quem não gosta de bater papo? Eu gosto. Pode ser sobre a vida do dia-a-dia, o doce na casa da tia, o capítulo da novela, as olimpíadas de Pequim. De futebol não sei nada, só quem ganhou ou perdeu a partida. Por causa dos comentários, pulos de alegria ou lamentos de meu time é uma porcaria.
Quando jovem, tinha sempre as amigas de plantão. Falávamos dos filmes, das músicas, da moda. Contávamos umas pras outras o que nos afligia, venturas e desventuras. Brigas com o namorado, broncas da mãe, exigências do pai. Reclamávamos das espinhas no rosto, da colega chata de mau gosto, do zero em matemática. Mas o que mais interessava, e animava, era falar dos meninos. Isso tudo segredado, trancadas no quarto.
Ou então por telefone, mas o fixo, no meio da casa. Não dava pra falar tudo, alguém sempre escutava.
Nem de longe se imaginava um aparelho sem fio. Muito menos o celular, pra se ligar de qualquer lugar...
Beatriz Cruz
|