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Poesias-->REFLEXOS E LABIRINTOS -- 11/01/2002 - 21:28 (Giusto Io) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




REFLEXOS E LABIRINTOS









Querida* Foi interessante nosso encontro* Quando olhei, já sumias na distância indefinida* Ainda te vi contornando o balão dentro do carro preto que virou sombra * Ficou-me a fulguração de teu vulto filtrado pelo fosco vidro que distorce a geometria dos rostos ausentes * Quis reproduzir em mim imagens tuas mas fracassei pelo sombrio vulto dos fortes mognos verdes que se sobrepunham à pista * Logo-logo uma franzina e anônima pastora arrastou sua figura pela mesma estrada onde havias deixado as últimas cores de teu rosto no ponto em que fiquei * A imagem da pastora atravessou a tua* De olhos postos no movimento me impressionava o compassado e jovem ritmo dos passos da figurinha que parecia uma encarnação cabocla das margens do Tocantins - o grande rio de praias esplêndidas onde as tartarugas desovam em clandestinidade lunar sob os olhares policiais de emissários da tribo tartarugal* Prestei toda a atenção ao desenho ondulado das curvas da pastorinha e observei que eram mais perfeitas do que as da estrada* Fui tomado de imediato pelos efeitos de uma sensação-percepção-visão-intersecção de imagens como se estivesse caindo em mim a chuva oblíqua do telhado da casa de Fernando Pessoa* Ainda sob os efeitos da sombra dos mognos devo dizer-te que já não há carros na pista que deixaste* Mas persiste em grande estilo e é muito difícil de apagar a imagem da pastorinha que retenho no mastro da emoção* Teu narizinho ainda tem alguma vida na realidade de meu sonho mas só me apareces solitária e sempre sentada em teu carro preto* No meu album há algum fôlego mas todo ele encrustado no vidro fosco carro preto * Perturba-me a teoria do instante defendida por André Gide e sinto dificuldades inesperadas em distinguir imagem de imagem nas minhas janelas oculares que filmam o rosto do mundo* Talvez pela dificuldade real de conciliar a imagem da pastorinha com a tua imagem nas mesmas paredes vivas da recordação* Os tratados de doutrina existentes em minha estante tentam explicar muitas coisas mas a interpretação não coincide com as realidades que encontrei hoje na pista por onde passou teu carro preto e na pós-pista percorrida por meus olhos* Uma pluralidade de vias e de emoções me assombra* Nota que são comuns as imagens sobrepostas tanto aqui quanto na China, no Tibet ou no Tocantins* Para mim, isso é um incrível ponto de partida para se debaterem os fundamentos da teoria da emoção* Para terminar meu relato, queria ainda dizer-te que na pista das sombras de mogno, um bando alegre de dançarinas do teatro Amazônia deixou novas imagens para serem recolhidas por meus olhos e minha emoção* Imagens que tive de processar juntamente com as outras no laboratório da alma* Imagina agora quantas figuras e imagens estão pecorrendo a pista desde que partiste* São rostos, sorrisos, maquiagens, cabelos, passos, cores, roupas, movimentos, flashs* No ar soam o eco dos passos, comuns ou dançarinos, os passos alegres, atléticos e desafiadores* Já pensaste na dinâmica do que te estou narrando?* Trata-se de uma riqueza de fulminantes imagens que brotam magicamente da alegria jovem da poesia que as pessoas emprestam ao ato de viver* Imagina se cabe agora alguém se preocupar com uma teoria poética de rigor* O que é teoria poética senão a sobreposição de imagens que te estou narrando?*Eu prefiro dizer que meus olhos se regozijam com a aparição deste jardim de almas jovens onde há rosas de todo o tipo cujo perfume me estonteia* Enquanto arrumo minhas impressões múltiplas, pelas escadas do prédio onde moro, a minha vizinha desce atabalhoada com um cachorrinho poodle preso pela corda* Olhando a moça, meus neurônios tumultuados pensaram não sei a troco de quê que sua calcinha deve ser de cor bem diferente da calça laranja que veste agora* Eu sei que amanhã na hora do Cooper subindo as encostas que definem a linha do horizonte vou ponderar todas estas sensações e planos que deixarei para se arrumarem sozinhos no meu platô cerebral e sensitivo * Tenho algum receio de que me digas que passei a tarde sem te telefonar e que que ao me despedir queiras gravar o meu ciao bem altinho* Puxa! * Como exageramos nas relações e nas exigências, Princesa* E se a pastorinha exigir de mim que a cumprimente também?* E se as dançarinas abrirem o sorriso para minha emoção e cada uma delas quiser pegar a minha mão para me arrastar até à nascente do parque selvagem?* Está pintando por aí uma dinâmica de discurso para equilibrar os relacionamentos na caminhada que eles percorrem entre beijos, carícias, distâncias, sombras, ciúmes, zelâncias e neuroses, notaste?* Parece que desta vez tenho pela frente um processamento difícil de imagens e sensações* Peço-te que me dispenses agora um nadinha de tempo... Depois não me esquecerei de te fazer chegar aos lábios um pouquinho do coktail que preparei nesta tarde, ok? Os céus ficarão mais carregados com estes minutos de espra, eu sei.* Mas é hora de eu e meus leitores desocultarmos alguns segredos de vida*Vale a pena esperar* Isto é para não ficarmos malucos* No momento quero ficar sozinho para curtir o que tenho cá dentro no coração* Para outra vez deixa teu carro preto correr sozinho na estrada, e tenta fazer tua corrida sem ficar na linha dos vidros foscos* Ok, queridinha?

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