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Cartas-->"QUERIDA MALOQUEIRA" (Pet) -- 05/03/2012 - 23:40 (ALEX MARCIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

São Paulo, 05 de março de 2012.

Querida Maloqueira,

Não tivemos o privilégio de te ver nascer ou ao menos crescer, e olhando para trás tampouco acho que te adotamos, você chegou até nós já crescida e independente, de certa forma gosto de pensar que você era livre, e poderia estar em qualquer lugar, mas escolheu estar conosco, e tivemos o orgulho de sermos adotados por você. Feliz o dia em que abri o portão e disse: Vem Loira.

Para ser honesto, e você sabe, não escolhemos nem seu nome, porque pelas redondezas, por causa de sua pelagem amarela, você já era chamada de Loira, e apenas te apelidamos de Maloqueira, ou simplesmente Maloca, pelo gosto que você sempre teve pela rua. Nossa querida Maloca.

Os dias iam passando e você passou a nos visitar com mais freqüência até que se instalou definitivamente por aqui, e de tanta confiança e cumplicidade, escolheu nossa casa, que também já era sua, para trazer a luz da vida sua última linhagem, e foram 09 filhotes fortes e belos, e quis o acaso que apesar de com você já serem 05 caninos em casa, adotássemos uma das fêmeas da linhagem, talvez fosse mais que o acaso, talvez fosse a força do destino para que pudéssemos te lembrar quando você já não estivesse mais entre nós.

Travessa, você sempre foi aquele filho mais levado que gosta de sair sem dar muita satisfação e volta quando tem vontade. Assim eram nossos dias, era seu jeito, era como você gostava de viver, não tínhamos como impedir suas escapadinhas e não havia nada que pudéssemos fazer para que as coisas fossem diferentes... apenas restava olhar pela janela e ver se você já estava de volta, e olhar novamente... e muitas vezes ter a sorte de ir até lá abrir o portão, te dar a bronca de sempre e trocar a água da vasilha para saciar sua sede boêmia, e só depois dormir tranqüilo sabendo que você estava em segurança.

Estou ficando velho minha amiga, e conheci muita gente nesses quase 40 anos, e olha Maloca, 80% das pessoas que ao longo dos anos cruzarão meu caminho, não possuem caráter e nem decência suficiente, para serem dignos de lamber suas patas, e posso contar nos dedos, e com muita dificuldade encher as mãos, com o número de pessoas que poderiam se igualar a você.

Em momentos críticos procuramos ajuda na religião, em Deus, nos Santos, enfim... e agora não foi diferente, e implorei para Deus e São Francisco para deixarem você ficar conosco mais um pouco e não fui atendido, e quando você partiu voltei a implorar, mas dessa vez, implorei para que se eles realmente existem e se existe um céu, para que você fosse para lá... um lugar bonito, o melhor de todos, o céu dos cães, cheio de barraquinhas de espetinhos, sanduíches, bolinhos, etc... implorei para que te levassem para um lugar em que você se sentisse em casa, e quero acreditar que ele te levou porque precisava de você de volta, para uma nova missão, para enviar esse anjo novamente para ensinar outros como nós, o verdadeiro sentido da amizade, da humildade, da alegria pelo simples fato de rever um amigo, para ensinar a gente como nós, o que realmente é o amor incondicional e desinteressado.

Sabe minha nega, quando os meus dias tiverem chegado ao fim e eu estiver diante de Deus para explicar meus atos na terra, vou de maneira respeitosa também pedir que ele me explique os seus... e da mesma maneira respeitosa vou arriscar uma pergunta:

“Meu Senhor, o mundo não seria um lugar melhor se todos simplesmente recebêssemos uma alma canina?”

Neste dias difíceis, esta carta não tem a intenção de ser um lamento por sua partida, mas sim um tributo a vida, a sua vida e ao amor incondicional, nossa forma de não deixar sua existência passar despercebida para os demais, o nosso agradecimento sincero pelo tempo que você esteve ao nosso lado, olhando por nós, nos protegendo, nos guardando.

No caminho da vida vou deixando minha juventude para trás, e sinto que os anos aos poucos e tardiamente vão me trazendo um pouco da consciência sobre as coisas passadas e remetendo a elas a devida importância.

Você nunca foi ciumenta e muito menos egoísta, por isso sei que não se importaria em compartilhar um pequeno espaço de sua carta com todos os outros queridos “Pets” que nos deram a honra de sua convivência e companhia, e graças à consciência de minhas memórias elucidadas pela maturidade, posso dizer sem qualquer receio de errar que “Vocês todos sempre foram muito melhores do que eu jamais vou conseguir ser!”

Se existe um começo após o fim, e quero acreditar que exista, espero humilde e esperançosamente que todos nos encontremos novamente.

Obrigado! Muito Obrigado, meus queridos amigos! Vocês viverão para sempre em nossos corações.

Marcio & Ruth

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