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Cronicas-->17. JUSTA SONOLÊNCIA -- 25/07/2001 - 06:29 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Muitas vezes, os médiuns se sentem tomados por forte sonolência, justamente na hora de participarem dos trabalhos de recepção das comunicações espirituais. Se bem que boa parte desse processo de estupor esteja ligado à magnetização com que se envolvem os trabalhadores, muito também decorre do estado de confiança que se deposita nos comunicadores, ficando os medianeiros bastante tranquilos, a ponto de se alhearam plenamente das informações que retransmitem.

Sendo o sonambulismo o estágio mais adequado para as transmissões mecànicas, são poucos os que se entregam completamente às mãos dos diretores da sessão, sendo o mais comum que haja semiconsciência ou parcial inconsciência, para que os temas se desenvolvam livremente, cabendo ao mediador vestir os pensamentos com as palavras mais adequadas.

Nem sempre se consegue perfeição, pois o grau de envolvimento do seareiro encarnado pode fazê-lo acreditar em que os primeiros termos nem sempre sejam os mais convenientes, predispondo-os a firmarem o conceito de que, se tocarem na mensagem para torná-las mais claras e elegantes, poderão estar a ofender os autores espirituais. Com isso, perdem-se boas inspirações, pois as informações não se completam, ficando as comunicações, muitas vezes, truncadas e mal ajambradas.

Por outro lado, há quem pretenda ser o intérprete de espíritos doutíssimos, eruditíssimos, de forma que não se contentam com terminologia comum, buscando, dentro do acervo cultural que se esmeram em aperfeiçoar, os vocábulos mais esquisitos, mais próprios para obras literárias do que para simples pregações ou discursos evangélicos.

A que vêm tais considerações, quando nos propusemos ao tema da justa sonolência? É que, se o mediador se dispuser a cumprir a tarefa descomprometido com o andamento dos raciocínios, aguardando que os termos se componham nas frases que vai assinalando, provavelmente dará oportunidade aos espíritos de exercerem pleno domínio de sua mente, executando serviço bem limpo, muito próximo do nível de expressividade da própria linguagem deles.

Evidentemente, tudo depende do teor do texto e da categoria do emitente. Se o médium se dispuser inconsciente, fica fácil de traduzir os pensamentos, através de forma o mais próxima possível do idioleto do emitente. Como tal possibilidade é remota, servem-se dela espíritos mais evoluídos, que não necessitam ajudados.

Quando os espíritos se equiparam cultural, intelectual e até emotivamente com os servidores, poderão entrar em conjunção mental, aproveitando-se aqueles das sugestões ou do cabedal destes. Consequentemente, caso o médium detenha aparato linguístico mais completo, as interferências poderão falsear os dizeres transmitidos, com conceitos mais sutis, conforme o poder conotativo da terminologia de empréstimo.

De qualquer modo, se houver alguma sonolência, a tornar o médium despreocupado do trabalho que executa, a fidedignidade ao pensamento primitivo irá assemelhar-se à conseguida por meio da escrita mecànica.

Temo ter aprofundado demasiadamente os aspectos teóricos da dissertação, pois adquiri o vezo de analisar profundamente os hábitos da derradeira passagem pela carne, quando exerci o sagrado ministério da mediunidade. Mas eu era médium consciente até demais, exigindo de todos os espíritos que se enquadrassem na minha forma de sentir a língua pátria.

Caso o espírito não compusesse nos limites que lhe demarcava, recusava-me a reproduzir-lhe o estilo, especialmente quanto à utilização de gírias e de expressões vulgares, que considerava impróprias para as apreciações partidas do etéreo.

Sendo assim, aos poucos, fui especializando-me na tradução de poucos amigos da espiritualidade, os quais identificava como protetores. Extremamente crítico quanto aos aspectos doutrinários das mensagens, punha sob estreita vigilància cada pequeníssima manifestação ideológica, rejeitando tudo que me parecesse contrário aos cànones kardequianos. Não aceitava experiências nem a alegação de que o espírito comunicador estava em fase de aprendizagem. Queria todas as informações absolutamente perfeitas, incinerando a maior parte das peças que recebia.

Dei a público algumas obras-primas, nunca sem fazê-las passar pelo crivo de meu rigor científico e literário. Eram para mim da maior valia, pois me projetavam no cenário espírita nacional.

Abrindo parêntese, devo afirmar que não revelarei minha identidade, apesar de o nome Sérgio ter algum significado dentro da realidade de minha existência carnal.

Não estou titubeante relativamente a declarar-me egoísta e sério candidato ao negrume do báratro, apesar de toda a formação teórica espírita. Realmente, permaneci nas trevas por mais de doze anos, sofrendo muito, por me considerar injustiçado.

Li as obras do pentateuco kardequiano e dezenas de outras subsidiárias. Assimilei muito pouco, mas o suficiente para perceber as idéias e sentimentos de que me valia e que deveria ter rejeitado para o competente progresso espiritual.

Hoje me valho da terminologia, embora a encontre no repositório do escrevente, para a elaboração desta mensagem. Hesito em designar este escrito de mensagem, mas manifestação, comunicação, texto e outros quejandos vocábulos talvez não exprimissem a vontade de me tornar útil de alguma forma.

Agradeço a boa vontade do médium, pois, se fosse eu a apanhar semelhante ditado, certamente lhe daria o destino do fogo, tão desconforme se encontra com os perdidos (graças a Deus!) ideais terrenos. Agora, até me atrevo a personalizar um pouco a escrita, certo de que os leitores são bem mais benignos e condescendentes, em razão de compreenderem que a luta continua e continuará sempre, até o aperfeiçoamento final.

É justo esclarecer que a sonolência do meu instrumento me facilitou deveras a transmissão, conquanto tenha o pobre recebido o forte impacto das considerações, imaginando-se alvo, de algum modo, das observações. Mas seu despertar foi parcial, ficando impedido de profundas intervenções. Assino embaixo, portanto, do que escrevi.

Sérgio.



Em tempo.


Se considerarem excessivo tempo o que passei na escuridão, por ter-me acusado somente de egoísta, não paguem para ver. Executem o melhor que puderem os serviços em prol dos irmãos necessitados e jamais busquem desafiar o destino. Esta é recomendação que precisa ser levada em conta, particularmente por proceder de antigo espírita, que levou muito a sério a necessidade da evangelização dos procedimentos e dos pensamentos. No entanto, também aqui, falar é fácil; fazer é que são elas...

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