É na rua três de maio
Onde moro com minha amada,
Não é uma rua muito grande
Mas quando em hora marcada,
Eu sento na minha calçada
Sem ter nenhuma pressa pra nada
Vou cantando umas toadas.
Noite de lua clara
Na cidadezinha do interior,
Quando a Coelba tira folga
Desligando o meu televisor,
Todos a caminho da calçada
E com esteiras desenroladas,
Pra ouvir este cantador.
É onde a vizinhança se encontra
E a minha gaita a tocar,
Cantando muito à vontade
Que o último morador vai escutar,
Lá encima no prédio de Dolírio
Na vidraça a lua mostra o brilho
Refletindo para o lado de cá.
De repente a estrela cadente
Deixa o rastro no espaço celeste,
Os aviões passam piscando ao longe
São visões que não se esquece,
Quando outra vez a Coelba chega
Acabando de vez com nossa beleza
No momento todos se entristecem.
A vizinhança volta ao normal
Cada um para suas novelas,
Acaba com o luar e as estrelas
Ao fechar as portas e janelas.
A Globo agora é quem vai comandar,
Invadindo privacidades dentro do lar
Trazendo para nós as imagens dela.
E os meus vizinhos se trancam
Cada um vai para o seu canto,
Se fechando para o mundo
Esquecendo dos encantos,
Que trás as noites de lua
Nas calçadas daquela rua,
Deixam o silencio com seu pranto.
E assim a noite vai passando
Até que o dia começa a chegar,
Todos esperando que à próxima noite
Seja mais uma noite de luar,
E que novamente a Coelba apaga
Trazendo alegria para minha calçada
Aonde a vizinhança vai se encontrar.