BARQUINHOS DE PAPEL
Em dias de chuva as crianças ficam irrequietas. Acho que é porque se sentem presas, não podem ir lá pra fora, brincar como de costume. Mas aquela água caindo do céu as atrai.
Assim que uma oportunidade aparece, lá vão elas, correndo, pisar nas poças. Espirrar água lhes dá enorme prazer. E também deixar que a chuva molhe seus cabelos, escorra pelo rosto, cole as roupas no corpo...
Não compreendem por que não devem fazer isso. Tão gostoso, por que sempre são repreendidas?
No meu tempo de infância, junto com meus irmãos, gostávamos de fazer barquinhos para pôr na enxurrada. Folhas de caderno velho, papel de pão, páginas de jornal, qualquer um servia. Era só fazer as dobraduras, puxar pra lá e pra cá e a embarcação tomava forma.
E até apostávamos, para ver o barco de quem conseguia ir mais longe. Alguns se enroscavam logo, outros se desmantelavam ao contato da correnteza e outros ainda rodopiavam um pouco antes de afundar, e eram levados de roldão. Nenhum deles sobrevivia àquela viagem imaginária.
Mas que era gostoso, era!
Beatriz Cruz
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