Quero viver o desconhecido,
para tocá-lo com minha frieza,
desprezá-lo ao pé da incógnita e
[jogá-lo ao salobre dos desaforos.
Quero possuir o desconhecido,
culpá-lo pelos meus fúteis erros,
escondê-lo das frugais virtudes e
[entregá-lo ao crivo dos algozes.
Quero estar no desconhecido,
para corrompê-lo atrás da porta,
insultá-lo por todas as mazelas e
[desviá-lo no breu dos caminhos.
Quero o outro desconhecido,
para tratá-lo com todo carinho,
aquecê-lo na madrugada fria e
obedecê-lo em seus conselhos.
Quero entrar do desconhecido,
abaná-lo nas tardes de calor,
afastá-lo das violentas iras e
[notá-lo em toda sua magnitude,
Quero aflorar do desconhecido,
expandi-lo em seu esplendor,
fazê-lo imenso e destemido,
para também vivê-lo com amor.
AdeGa/97
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