COLARZINHO DE PÉROLAS
Antigamente, ao completar quinze anos, as meninas ganhavam do pai, da mãe ou da avó um delicado colar de pérolas. Às vezes o presente incluía um anelzinho de brilhante, para que assim se apresentassem bem à sociedade, no Baile de Debutantes.
Em geral eram jóias que passavam de mãe para filha, de avó para neta, sugerindo que a continuação se perpetuasse. Eu não tive um assim, escolhi para os meus quinze anos uma bijuteria moderna, um colar azulado que me agradava bastante.
Tive um anel de família, sim, diferente, um brilhante rodeado de quatro outras pedras menores. Ele foi de vovó, depois de uma tia e finalmente meu. Usei-o em ocasiões especiais, sempre com muito cuidado para não perdê-lo. Ganhei também outro que foi de mamãe, de portar no dedinho. Era de ouro, com um brilhante pequenininho e duas perolazinhas. Muito gracioso.
Não sei se aos dezoito anos, mas um dia ganhei uma pulseira especial. Tinha pertencido a uma bisavó, era composta de plaquinhas de ouro engatadas por elos, com minúsculas flores azuis, pintadas. Os mais velhos diziam que tinha sido feita a mão. Uma preciosidade.
Desde pequena muito me atraía uma pulseira de ouro que vovó usava. Parecia uma mola enrolada no pulso. Sempre pedia para mexer nela, gostava de esticá-la e depois vê-la voltar ao normal. Em alguma data especial ela veio parar em minhas mãos. Eu adorava exibi-la em dias de gala. Quando mais velha, para variar, às vezes pedia emprestado de mamãe seu colar de pérolas, de duas voltas. Ela sugeria que eu pregasse um broche no vestido, antigo também, mas eu não me ajeitava com ele. Já não era tão comum esse tipo de enfeite. Para todos os dias, tinha algumas correntinhas e medalhas. Nada suntuoso.
Estas eram as minhas jóias. Eram, não as tenho mais. Foram todas levadas por um ladrão.
Beatriz Cruz
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