Poesia para uma pessoa que não conheço
Para uma pessoa que não conheço
Ou me vê todo dia, julga me conhecer
E no frigir dos ovos nem meu nome sabe
Minha poesia é apenas a melancolia
Que não sinto
Para esta, nada mais vazio que um meu verso
Claro! Pois esta pessoa jamais irá entender
Que o escrever sou eu e sempre mais alguém
Comigo, em mim, ou distante, mas sempre
Há sempre um alguém na minha poesia
Que na minha mente lê em voz baixa o que escrevo
E em algum ponta se deixa tocar - se reconhece,
Se encanta ou aparece
Como o eu que escrevo em minha poesia
Para uma pessoa a mim estranha que não conheço
A pergunta iminente é: O que é poesia?!
Como é este alguém misterioso para quem teço
Versos numa dita harmonia?
E respondo: É alguém, simplesmente alguém
Alguém do meu dia-a-dia, alguém que me aparece,
Alguém que me apresentam, alguém que eu vejo
Repentinamente, as vezes, e nunca me esqueço
Pode ser uma pessoa, amiga, um parente distante,
Um eu que não sei quem é, uma mulher interessante
Um amigo de anos, uma pessoa que nunca vi na vida
E que assim mesmo tenho um enorme apreço
Pode ser qualquer alguém que me dê idéia
Pode até ser - como agora é -
Uma pessoa que eu não conheço
Francisco Libânio
15/01/02
11:25 PM
|