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Artigos-->as torres dos relogios parados -- 12/01/2004 - 23:13 (NILTON MANOEL) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AS TORRES DOS RELOGIOS PARADOS

NILTON MANOEL



Nas torres dos relógios parados, o final dos tempos. Quando foram instalados, na ferrovia, Maria, toda em brasa e fumaça, corria pelos trilhos. Havia movimento agrícola e industrial. O operariado, comerciários e população ouviam também as sirenes de fábricas... eram tantas! A pontualidade estava a todo vapor com o progresso à beira do ribeirão Preto... O harmônico cantar das águas com o balançar das folhagens, as palmeiras viraram cartão postal. Os relógios garantiram a glória ribeirãopretana. O tempo voa, e o imenso complexo operário tomba ! Quantas coisas não tombaram? No imenso prédio vazio, os relógios estão parados e a História urbana mais pobre. A imensa chaminé sem fumaça é um invertido ponto de exclamação. Foram-se os marcos da pontualidade da hora local... Foram-se dois marcos: os relógios e a sirene. Quem se lembra da sirene da Paulista? A última a sumir na sonoplastia dos tempos modernos... Foram-se tantas outras antes dela: - fábrica de vidro Santo Antônio, Anderson Cleyton, Frigorífico Morandi, Matadouro Municipal, Rosifini, Antártica (a meia-lua, foi sendo despojada a cada tropeço )... O perfume de cevada era constante nos ares.... A tradição está mais pobre, triste, solitária, menos operária. Ribeirão Preto não gosta de indústrias. A velha sirene se cala. O coração da velha história fraqueja. Nem chegou o fim do século. Na praça a Maria, sem itinerários, vive petrificada e podre... As palmeiras republicanas balançam tristes, enquanto personagens do folclore urbano ouvem as águas do preto encachoeirarem-se na sujeira que rola entre pedras e encanamentos. Nessas águas anzóis fisgavam bagres e lambaris... A velha Baixada boêmia está mais pobre. Menos operária. A sociedade de gabinete jamais desfilou entre as suas árvores. Muitas tombaram com tempestade de maio e não foram replantadas. Tudo pára na Baixada, mas sempre há um cristão, acendendo uma vela em nome da esperança... A velha sirene se foi! Você lembra dela?

.............

Novo século, novo milênio. A cervejaria mais tiberense leva a sirene para o seu pátio e ela volta a ser ouvida às seis, doze e dezoito horas... Os comerciantes, comerciários e povo em geral ficam felizes... Junho, 25,ano de 2003, ninguém mais ouve a sirene. Fim da fabricação de cerveja... Na musicoterapia dos copos de boteco todo mundo sente o drama.O ponto da música de rodeio que fala em chope continuará batendo o pé. Ribeirão Preto, capital nacional do chope, importa cerveja! O que importa? Até a nossa água potável deixou de ser aquela que tínhamos. Os terminais de ônibus espalharam os pedestres e a visualização do tradicional ficou mais distante do marco zero urbano. Enquanto isto, há dez anos, no “não tão tradicional” Mercado Municipal, uma obra de arte de Vacarini, vive atrás das grades. Que saudade do ribeirão Preto de outrora, Quanta coisa se foi. O padre Euclides da avenida da Saudade, por onde andará? Afinal, o que existe de histórico nos tempos modernos? Quando a velha sirene voltará a ser ouvida como patrimônio histórico? Ah! Nossa história? Será que existem bairros com os nomes Campos Elíseos ou Ipiranga?





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