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Artigos-->AS DOZE BADALADAS -- 13/01/2004 - 11:25 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu já lhes contei, sobre o Geraldo, que há mais de trinta anos serviu comigo nas honrosas forças do Tiro de Guerra. Naquele tempo, existia uma tal de guerrilha que vinha ebulindo a sociedade, pondo em polvorosa a organização política.

O 163, como era conhecido, foi dispensado antes do término do tempo regulamentar determinado pro serviço no TG.

Ele casou-se com uma jovem alta, branquela, cabelos compridos que lhe encobriam a bunda e, usava roupas esquisitas. A moça tinha um par de óculos de aros pretos e grossos. Suas lentes eram finas, mas dava a idéia de que não enxergava direito. Era excêntrica e, soube depois que fora educada alheia ao contato com os meios de comunicação social daquele tempo; pra evitar que desandasse no mal ou que caísse na gandaia. Ela não ouvia rádio, muito menos podia assistir tevê; revistas então, nem se fale!

Um dia, visitava o Gera, que já estava casado e, minutos antes do meio dia, quando me preparava pra sair, a mulher perguntou-me se tinha uma caneta. Ante minha afirmativa, pediu-me-a emprestada. Ela segurou meu instrumento até depois que o relógio da matriz ecoou as doze badaladas do meio dia.

Quando me devolveu disse: “Olha, eu sei que o senhor gosta de escrever. Fiz então uma simpatia que é pro senhor sempre ter assunto e nunca lhe faltar tinta. Que não te falte papel também”.

Eu sabia que o Gera não batia bem, que não era lá muito bom da cabeça, principalmente depois que se habituara a queimar aquelas toras enormes do demônio; mas pelo andar da carruagem, suas esquisitices não seriam as únicas.

Soube depois que eles separaram-se e que a mulher mais as duas filhas foram residir numa casa de fundos lá na periferia de Tupinambica das Linhas. O ressentimento e ódio recrudesceram nas entranhas da esposa esquecida. Nem mesmo as sessões mediúnicas a que se submetia demovia-na do intento de trucidar o marido fujão. A sensação de estar sempre sendo vigiada era-lhe desconfortável. As más línguas não cansavam de afirmar que o entra-e-sai freqüente, de mal encarados, por aquele corredor imenso e sujo, sinalizavam o desregramento moral da tríade.

Geraldo, logo que se viu só, submeteu-se à cirurgia pra redução do estômago. Livrou-se de quase uma centena de quilos, mas a pelanca que lhe sobrou cobria-lhe as coxas chegando até os joelhos. Urgiam plásticas muito bem feitas!

Seu médico, o doutor Donaldo Trampo era categórico e irredutível na manutenção da linha dura. Por exemplo: só alface, tomates e água durante trinta dias consecutivos, era uma das normas imprescindíveis e preferidas, que ele aplicava, pra manutenção do perfil bom pra prefeitos.

Aquele seu destino pedroso, duro, maligno e maléfico teria enfim, qualquer dia, quisesse Deus, um fim glorioso; ou pelo menos não tão gordo.

Os impulsos reivindicativos, litigantes e pleitistas amainariam, com o tempo, naquela mente psicótica de mulher aturdida. A lesa-paciência, teria por lise, a mutação do seu comportamento anti-social e excludente, em algo muito mais receptivo e humano.

E que assim fosse, se Deus quisesse.









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