Muita gente de preocupando com a cor da pele.
Tanta coisa neste mundo para se considerar!
A mim, não me interessa se a cor é branca, negra ou amarela. O que conta é o caracter.
Aquele dali é um "negro". E daí?
Você nunca ouviu falar em preto de "alma branca"?
E são tantos por aí!...
O vovô Di foi um exemplo.
Pretinho que nem carvão. Difícil era distinguí-lo numa noite sem estrelas. Tudo um breu.
Sua alma, não ( como se agente pudesse ver a cor da alma ) era tão branca quanto um floco de algodão.
Vovô Di fora criado por meus avós.
Não sofreu na pele as agruras da escravidão.
Jamais soube o que fora o peso do chicote. Também não foi marcado a "ferro e fogo".
Desconheceu a senzala.
Do "navio negreiro", só teve conhecimento através da leitura. Apesar dos pesares, era negro e, sentia correr-lhe nas veias, o sangue de um descendente africano.
Dos abastados senhores de engenho, ouviu muita história. Ele não teve "carta de alforria". Não precisou desse trunfo - nascera livre.
Na pele, porém, a cor da noite sem luar.
Negro não camufla a sua cor:
- Mesmo que a sua pele não tenha sido esfolada ou queimada a ferro de brasa.
- Mesmo que ele não tenha sido amarrado contra o tronco.
- Mesmo assim lembra Zumbi, quilombos e senzala.
Vovô Di foi um homem feliz:
- amou a sua negridão.
- a sua origem.
- os seus irmãos de cor.
Sobrepujou a sua descendência de escravo.
"Alma branca num "Preto velho".