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Contos-->Ordem Secreta - Parte 2 -- 21/11/2001 - 21:31 (ANGEL DRAVEN) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

ORDEM SECRETA - Parte II


Introdução

"Eles maquinaram a disseminação
de loucas teorias da conspiração porque,
mesmo que muitas destas teorias estejam corretas,
elas ainda parecem completamente malucas...."
(J.R. ‘Bob’ Dobbs, The Book of The SubGenius)


Cidadãos Anônimos

A Mais Secreta de Todas as Ordens

Antes de continuar a narrativa, creio que se faz necessário esclarecer alguns pontos sobre as linhas que se seguirão.
Há muitos anos eu desejava (e devia!) escrever este relato, no formato de um romance. Desde que me transformei no primeiro profissional brasileiro da investigação da chamada Teoria da Conspiração e dos Anônimos, venho reunindo os registros de dezenas de encontros com membros de várias Ordens e organizações secretas e sigilosas. Hoje, acho que finalmente é o momento de começar a difundir esse precioso tesouro, prova irrefutável da realidade da Conspiração e dos Cidadãos Anônimos em nossa civilização e em nosso mundo.
Desde o "início" sabia que todas essas informações iriam, um dia, serem colocadas num livro. Por outro lado, não tinha a mínima idéia da forma como seriam ditas. Após longos anos de pesquisa, conspirações, convivência com as pessoas mais estranhas que se possam imaginar e "longas meditações", optei pela ficção, narrativa ou romance, como costumam dizer. Os céticos, que não acreditam em conspirações, chamarão de ficção; os Cidadãos Anônimos, membros centrais das grandes Ordens, chamarão de narrativa. Mas eu chamo de romance, pois me apaixonei pela jornada por este Mundo Novo das Antigas Ordens Secretas e das Modernas Conspirações. As longas horas passadas longe do lar, as angústias, as ansiedades e por fim as alegrias dessa viagem por lugares, realidades, tempos e fatos até então desconhecidos e ocultos, me fascinaram.
Algumas vezes, cheguei mesmo a pensar que não existe Conspiração nenhuma, que tudo não passa de uma piada ou fraude, criado por algum gozador paranóico, com uma capacidade criativa e imaginativa capaz de anarquisar o status quo.
Ao mesmo tempo, vários pesquisadores, autores e historiadores pareciam sugerir a existencia de ligações casuais entre vários fatos ou eventos completamente desconexos.
Era como se certas informações “vazassem” ou como se certos “documentos” criassem evidências “históricas” que indicavam conexões entre certas sociedades secretas antigas e ordens sigilosas na atualidade. O objetivo ou propósito dessas organizações era outro ponto curioso e nebuloso.
Afinal, haveria alguma ligação entre os Cátaros, os Cavaleiros Templários, a Prieuré de Sion, os Illuminati, os Rosacruzes, a Maçonaria e organizações atuais como a CIA, o FMI, a Interpol, o Senado e a ONU? Que ligações a Mafia e o Vaticano podem ter com a Comunidade Européia e a antiga URSS? Qual a ligação entre os Bancos e os Templários? Qual a importância e influência da Internet e dos hackers na Conspiração? Qual a ligação entre as Ordens secretas e os Governantes? Como os Sindicatos, as Grandes Corporações, as grandes Religiões e o Crime Organizado influenciam o que os Governos? Quais os objetivos ocultos desses vários grupos e centros de poder? Qual a influência das sociedades sigilosas, das ordens e dos grupos secretos na vida cotidiana e no mundo “real”?
Por várias razões que o leitor irá descobrindo, este volume não tratará profundamente de evidências ou de conspirações específicas, de novas tecnologias ou de espionagem industrial, de descobertas científicas ou manipulações do poder, de avanços da medicina ou de armas biológicas. Este livro contempla apenas um pequeno punhado dos "trabalhos" e atividades desenvolvidos pelos maiores e porque não, melhores conspiradores da humanidade: os Cidadãos Anônimos. O leitor poderá observar também que, neste primeiro trabalho, não trataremos do "futuro", nem especificamente do Brasil. Acredito ser mais importante, inicialmente, entendermos "nosso passado”, termos consciência da realidade, da Verdade e de "nossa relação com o mundo em que vivemos", globalmente falando. Como verdadeiros Cidadãos do Mundo, anônimos ou não.


Capítulo 1


"Só porque você não é paranóico
não significa que eles não estejam
realmente conspirando contra você."
(Provérbio Popular da década de ‘90)


O Anúncio

Conspirações por toda parte

Ventava muito naquela noite. O vento assoviando na janela da minha biblioteca proporcionava o clima ideal para a situação: um louco (eu) a procura de "mensagens secretas" em anúncios de jornal. Em princípio achei a idéia imaginativa demais, quando a li num livro. Mas após uma hora, já havia recortado quatorze anúncios com pelo menos duas “interpretações” diferentes em cada um deles.
Estava sentado no chão e acabei ficando com dor nas costas e câimbras num pé, resolvendo terminar com a "pesquisa". Comecei a reler os anúncios. Percebi que minha impressão inicial de "duplo significado" se devia, na maioria deles, pela péssima forma que tinham sido redigidos. A maioria dos anúncios não... TODOS eles, para ser mais preciso. Com exceção de um... na divisão de Antiguidades e Objetos de Arte, na seção de Utilidades do Lar:

Ocasião p/ Conhecedores
Um dos melhores tapetes orientais do mundo, Bukarest Royal, feito por Emigrantes persas. Em todos os tamanhos e cores por 1/3 do preço da praça. Narce. Rua [........], 1231. Estacionamento próprio.

Este me chamou a atenção, pois ao contrário, estava bem redigido, em comparação aos demais. Inclusive fiquei em dúvida sobre a diferença entre Emigrante e Imigrante, que logo foi sanada com uma rápida olhada no dicionário. Imigrar é entrar num país estranho para nele viver. Emigrante, como no anúncio, é quem deixa um país para ir estabelecer-se em outro, o mesmo que Emigrado.
De modo geral, o anúncio estava bem escrito, embora eu achasse que o seu redator não precisava ter escrito "1/3 do preço da praça", pois bastava ter escrito "1/3 do preço". Economizaria algumas palavras... e dinheiro. Estranhei que não informava o telefone para contato, cotação ou maiores informações. Afinal, "Narce" era o nome da loja ou de uma pessoa? Eles teriam o tal "um dos melhores" no formato circular, com raio de 1 metro, nas cores azul e branco? Existiriam "tapetes orientais" circulares? Onde ficava a Rua [.......] ?
Com auxílio de um guia de ruas da capital e de uma lista telefônica por ordem de endereço, procurei a rua e o número, no intuito de encontrar um telefone para contato. Qual não foi a minha surpresa. Após descobrir pelo guia, o bairro em que se localizava a rua, procurei na lista, pelo número da rua e encontrei dois locais diferentes, na mesma rua, mas com o mesmo número.
Provavelmente deveria ser um sobrado, ou uma loja com fundos. Tive o ímpeto de levantar, pegar o carro e ir até lá, conferir. Lembrei-me que já passavam das 23:30 horas. Minha curiosidade e ansiedade estavam me enlouquecendo. Tive que conter os "ímpetos", pelo menos até o dia seguinte. Fui deitar-me, mas estranhamente, demorei em adormecer. A idéia de ter achado "alguma coisa" me deixou agitado. Deitado, ficava repetindo as palavras do anúncio, já decoradas, na tentativa de descobrir o "segredo". Acabei dormindo sem descobrir nada.
No dia seguinte, um domingo, pulei cedo da cama. O que era novidade para mim, num fim-de-semana. A primeira coisa que fiz, logo que acordei, foi procurar o recorte do anúncio para relê-lo. Tinha a impressão de que tinha sonhado algo que elucidava a questão. Li e reli o pedaço de recorte de jornal, mas nada mudou.
Já que tinha conseguido o telefone na noite anterior, resolvi ligar para a loja que, segundo a lista, chamava-se "Narce Objetos de Artes Ltda". Provavelmente ninguém, numa loja naquele bairro, estaria trabalhando no domingo. Mesmo assim, não resisti e liguei.
— Alo? - disse a voz de uma mulher do outro lado. Estranhei alguém ter atendido e achei que havia discado o número errado.
— É da "Narce"? - perguntei para conferir.
— Sim. – respondeu uma linda voz feminina.
E agora? O que você vai dizer, seu idiota... se o anúncio deles tem segundas intenções?
— Mmm... Qual o preço de seu tapete Bukarest Royal... anunciado?
— Qual tamanho, Senhor?
— Eh... dois por dois metros. - respondi.
— Não temos esse tamanho, Senhor.
— E um três por três, azul e branco? - perguntei, tentando ganhar tempo e dar abertura a alguma conversa.
— Também não temos esse, Senhor, desculpe. Até logo... - respondeu ela, querendo provavelmente desligar.
— Hei, espere. O anúncio dizia que vocês tinham todos os tamanhos e cores! - berrei pelo telefone, esquecendo até por que tinha ligado.
— O anúncio dizia "Ocasião para Conhecedores", Senhor?
— Sim... dizia. - respondi olhando o recorte.
— Então sinto lhe informar que tapetes orientais persas, em geral, têm formato retangular, e não quadrado. Além de possuírem mais do que duas cores. Qualquer um sabe disso, mesmo sem ser "conhecedor"... Senhor.
Senti um tom irônico no último "Senhor" dela. Fiquei envergonhado, inclusive pela situação. Afinal, eu não queria nenhum tapete. Resolvi desligar e esquecer aquela maluquice toda.
— Bem, obrigado... pelas informações. - despedi-me.
— Disponha, Senhor. - disse ela, perguntando logo em seguida onde eu havia conseguido o telefone da loja.
— Procurei na lista telefônica. Não foi fácil achar. Vocês deveriam ter informado o telefone no anúncio! - reclamei.
— O Senhor deve mesmo estar querendo comprar um tapete quadrado. - comentou ela, sem responder a minha "reclamação".
Eu tinha que dizer algo...
— Eu apenas liguei por que achei o anúncio de vocês interessante, sabe. Realmente eu não entendo nada de tapetes e nem quero comprar nenhum! - disse, sem conter os "impulsos".
— Interessante? Como assim, Senhor? Economicamente interessante?
— Não. Interessante no sentido de diferente. Até mesmo estranho... Por que Emigrantes está escrito iniciando-se com "E" maiúsculo? E mesmo a “Ocasião para Conhecedores" é estranho. Você não achou, não?
Ela não respondeu. Seguiu-se alguns segundos de silêncio. Cheguei a pensar que a ligação tinha caído, quando ouvi algumas outras vozes ao fundo. Tentei ouvir melhor, tampando o bocal do telefone, mas não entendi nada.
— Mais alguma coisa, Senhor? - ela perguntou, quebrando o silêncio, mas com aquele tom de despedida, novamente. Fingi que não percebi e perguntei que mais eles tinham para oferecer. Ela limitou-se a responder: "Antiguidades, Senhor".
— Que tipo de "antiguidades"? - perguntei, imitando-lhe o jeito de falar, ironicamente. E assumindo um tom pesado e sério, ela respondeu:
— Objetos de Artes de Antigas Civilizações, somente para os Conhecedores.
Talvez pela falta do "Senhor" no fim da resposta, me intimidei, senti-me um idiota e resolvi desligar, agradecendo a atenção.
— Faça-nos uma visita, quando quiser. - disse ela, agora gentilmente.
Agradeci novamente e despedimo-nos. Voltei a sentar no chão, agora para recolher o lixo de meus recortes. Estava ao mesmo tempo frustrado e envergonhado. Como pude ser tão imbecil?
O livro em que tinha lido essa “estupenda idéia” ainda estava aberto na página em que a li. Peguei-o para guardá-lo, e reli os parágrafos que horas antes, tanto me impressionaram:
"[... O New York Herald Tribune publicava a 15 de março de 1958 um estudo do correspondente em Londres sobre uma série de mensagens enigmáticas, publicadas nos pequenos anúncios do Times. Essas mensagens tinham chamado a atenção dos especialistas da criptografia e das diversas polícias, pois era manifesto que tinham um segundo sentido. Mas esse sentido escapara a todos os esforços de decifração. Existem sem dúvida meios de comunicação menos decifráveis ainda. Tal romance de terceira ordem, tal obra técnica, tal livro de filosofia aparentemente sem valor, talvez transmitam secretamente complexos estudos, mensagens dirigidas a inteligências superiores, tão diferentes da nossa como esta é da de um grande macaco.]"
(Louis Pauwels e Jacques Bergier,Le Matin Des Magiciens)
Sim, eu me sentia como um macaco... e sem um galho para me consolar. "Complexos estudos", "inteligências superiores", pois sim. Deve ser realmente... E eu nem pra me lembrar dos filmes de tapetes voadores! "Todo mundo sabe que eles são retangulares", ela disse, "Não precisa nem ser Conhecedor...". Conhecedor. Epa! Peraí um pouco...


(Continua...)
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