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Artigos-->O 163 E A JUSTIÇA -- 19/01/2004 - 10:17 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma gargalhada sonora ecoou no silêncio da tarde quente. Em reação, a miríade de latidos da cachorrada fez, em coro, o acompanhamento.

Horas antes ali estava eu, na calçada, eis que no meu bairro não havia praça pública, a esperar pela finalização do almoço. Percebera, pelos cheiros captados da cozinha, que naquele dia, o “rango” seria very good.

Eu pensava no velho ditado que asseverava: “Numa sociedade, os supersticiosos são como os poltrões num exército: têm e provocam terrores pânicos”.

De repente, fui abordado pelo Gera, que viera dum boteco situado lá no meio do quarteirão. Com aquela sua voz embargada, emitiu um sonoro “bom dia”, indicativa de que, ou ele estava completamente bêbado, sem noção do tempo, ou que tentava brincar comigo.

Eu já lhes contei sobre o Gera; o famoso Geraldo do Tiro de Guerra, que naquele tempo respondia ao 163. Sua história fora bem triste. Apesar de ser diplomado em odontologia, ele exercera pouco a profissão. Na verdade, carregava alguns problemas que não conseguia solucionar. Diziam colegas comuns, que o pai dele, quando tivera farmácia, causara um aborto do qual, em decorrência a paciente falecera. Deu um problema dos diabos. O pai do Gera foi condenado a três anos de prisão.

O pobre 163 não digerira completamente a história e, de tempos em tempos, ela ressurgia-lhe pra atazanar os cornos.

O Gera sempre dizia, referindo-se a si mesmo, que não era lâmpada, mas que tinha sua luz própria; e saia, coitado, sempre resmungando pelas ruas, a palavra justiça.

Um dos desvios que o acompanhavam era o exagero. Se ele se submetesse a tratamento do qual fazia parte a ingesta de cápsulas de vitamina, tomava logo uns punhados. E não adiantava aos amigos seus dizerem que aquilo não era pipoca pra ser engolido daquele jeito, que ele nem ligava.

Numa ocasião, o pobre 163 estava tão atrapalhado que quando lhe disseram que a Mary, sua irmã, fazia aniversário e que era preciso levar-lhe algo, ele logo pensou num gomo de cana. “À Mary cana”, repetia o infeliz, sem cessar. Na verdade, meu amigo Gera, estava sob os efeitos da loucura.

Também, quem mandara espancar a esposa fazendo com que ela abandonasse o lar, levando as filhas? Agora que sofresse as conseqüências. Quando lhe falavam, por vias indiretas, que naquela vila havia movimento de randevu, seu coração contristava e uma agonia tomava-lhe o peito.

Pro Gera, meditabundo, a cor do pecado podia muito bem ser a do corpo dourado. Mas ele ficava mesmo possesso se o chamassem, por seus movimentos desordenados de entra-e-sai, de “a enceradeira louca”.

Quando o 163 conheceu o Edbar B.I. Túrico aí, meu amigo, o bicho pegou. Eles trocavam, encostados nos balcões dos botequins que freqüentavam, os comprimidos da medicação que os médicos lhes receitavam, assim como as crianças trocavam figurinhas naqueles tempos em que o Roy Rogers era ainda mocinho e galopava seu fogoso corcel branco, mandando bala nos bandidos ordinários.

O Gera que abrisse o olho! Do jeito que andavam tão ruins os negócios, tinha até urubu, rezando no sobrevôo, pra ver se aparecia carniça nova. E o que ele fazia, com aquelas bebedeiras todas, era dar muita, mas muita sopa mesmo, pro infortúnio.







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