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Artigos-->O grenal de Bush -- 19/01/2004 - 10:33 (Athos Ronaldo Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O grenal de Bush

Athos Ronaldo Miralha da Cunha



O senhor George W. Bush anunciou um arrojado e dispendioso sonho espacial.

O Todo-poderoso presidente dos EUA pretende viabilizar, através da Nasa, uma viagem tripulada a Marte até o final da próxima década.



Inicialmente, com a instalação de uma base de apoio permanente em solo lunar, o plano contempla o retorno das viagens à Lua. Em função da baixa gravidade, segundo a Nasa, é 22 vezes mais barato lançar uma espaçonave da Lua do que da Terra.

O outrora romântico satélite da Terra, pano de fundo de trocas de carícias, beijos e juras eternas de amor entre jovens e apaixonados casais, será usado como plataforma de lançamento de foguetes. Nada que contemple a ludicidade, a meiguice, os sentimentos de paixão e suspiros em um encontro noturno sob raios de uma lua cheia na varanda.



Atualmente temos um Planeta Terra repleto de conflitos. A cada novo dado estatístico aumentam os índices de miserabilidade dos povos pobres. Há verdadeiras legiões de excluídos, rotos e rejeitados que vivem abaixo da linha da pobreza. A poluição está ficando incontrolável e o buraco na camada de ozônio nos ameaça com doenças e com catástrofes ambientais. Ao invés de darmos uma arrumada na “mobília” dessa casa chamada Terra em que habitamos, o senhor W. Bush quer fazer turismo em Marte.



O mundo passa fome e os EUA querem gastar uma grana sideral para colocar pegadas nas areias do Planeta Vermelho. Um distante passeio desfrutando da aridez do solo marciano e, com muita sorte, na improvável companhia das bactérias. Cá entre nós, é o máximo e imprescindível essa turnê a Marte.

Seria Bush um visionário, um megalômano ou um lunático? Ou simplesmente alguém querendo ser reeleito presidente dos EUA.



Comparando o nosso mundo – um pontinho azul no Universo – com uma enorme família, veremos que uns irmãos são privilegiados pelo conforto e pelas benesses da modernidade, enquanto uma grande maioria perambula pelos anos, remove latas de lixo, cata tralhas nas calçadas e sofre toda uma vida. Sem acesso à educação, saúde ou a um simples copo de água tratada.



Nesse último ano o governo tentou sensibilizar os brasileiros para, em um esforço conjunto, buscar soluções para acabar com a fome no Brasil. A meta do programa Fome Zero é tão grandiosa, e bem mais honorífica, do que colocar um homem a fazer piruetas em Marte.

Há dez anos o projeto de uma viagem dessa magnitude estava orçado em US$ 500 bilhões.

Diante dessa cifra, que extrapola a nossa imaginação por não ser palpável, é impossível não fazermos a conta. Com essa dinheirama nós implementaríamos o Fome Zero no mundo. E teríamos no horário nobre da nossa telinha os efusivos sorrisos e emocionantes festejos, em rodas de ciranda, das crianças famintas, maltrapilhas e subnutridas desse nosso querido Planeta Azul. Um épico agradecimento.



Não seria melhor e mais coerente deixarmos de maltratar a Terra do que ir ao encontro do incógnito infinito? Poderíamos despoluir os rios, financiar projetos contra o desmatamento e para a diminuição do buraco da camada de ozônio. Enfim, nos preocuparmos com o futuro do nosso planeta.



Entre o ignorado e desértico Planeta Arenoso eu prefiro os passeios tropicais do Planeta Água. Entretanto, temos uma opção entre o vermelho e o azul, uma dicotomia, uma inquietante bipolarização. Entre o desconhecido, distante e árido Planeta Vermelho eu prefiro as praias paradisíacas e as inacessíveis florestas e matas do Planeta Azul. Nesse “grenal” interplanetário do nosso Sistema Solar, promovido por Bush, prevalece a minha condição de terráqueo. Embora toda a minha condição de inveterado torcedor do Internacional de Porto Alegre.

Convenhamos, deixemos Marte para os marcianos.



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