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Artigos-->A ARTE DE LER -- 09/04/2000 - 22:33 (Cícero Carlos de Oliveira /Aurora-CE/) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM AGRADÁVEL PANORAMA SOBRE A COMPREENSÃO DA LEITURA



“A idéia da leitura é normalmente restrita ao livro, ao jornal. Lêem-se palavras, e nada mais, diz o senso comum. As ciganas, contudo, dizem ler a mão humana, e os críticos afirmam ler um filme. O fato é que, quando escapados limites do texto escrito, o homem não deixa necessariamente de ler. Lê o mapa astral, o teatro, a vida - forma a sua compreensão de realidade. Que tal agora ler o que é ler? Sem preconceitos estanques, antes de tudo este livro é um convite: ‘vamos fazer uma leitura?’”



Este é o convite e o objetivo a que se propõe o livro de bolso O que é leitura (19a. ed., São Paulo: Brasiliense,1994. 93 págs.,R$ 7,00), de Maria Helena Martins.



A professora gaúcha, é formada em Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde lecionou principalmente Teoria da Literatura e Liberatura Infantil. Em 1979 criou uma Salinha de Leitura para crianças que, segundo a autora, contribuiu para a elaboração deste livro e ainda lhe serviu para defender tese de doutorado em Teoria da Literatura e Literatura Comparada, na USP.



Para quem busca técnicas eficientes de leitura, este não é o livro indicado. Talvez o melhor neste gênero seja o compêndio dos professores norte-americanos Mortimer J. Adler e Charles Van Doren: A Arte de Ler. Este trabalho, traduzido por José Laurênio de Melo em 1974 para a Editora Agir, tece, em 21 capítulos e 2 extensos apêndices, um verdadeiro tratado sobre a arte da leitura. A autora de O que é Leitura, reserva o último capítulo de seu livro para indicar uma interessante bibliografia sobre o assunto, incluindo o livro a que nos referimos acima.

A preocupação principal do pequeno livro, no entanto, dentro da filosofia da Coleção Primeiros Passos (feliz iniciativa da Editora Brasiliense), é o tratamento objetivo, simples, mas ao mesmo tempo rigoroso e crítico do assunto. E isto é conseguido pela professora Maria Helena. Logo na introdução “Falando em Leitura...”, ela mergulha o leitor na atmosfera que permeia todo o trabalho: a ampla dimensão em que implica a leitura. E conclui com Paulo Freire “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a contiuidade da leitura daquele”.



No segundo capítulo, do total de seis, é ensinado “Como e Quando Começamos a Ler”, através de 4 exemplos pitorescos. Começamos a ler “desde os nossos primeiros contatos com o mundo, (quando) percebemos o calor e o aconchego de um berço... O som estridente ou um grito nos assustam, mas a canção de ninar embala nosso sono”. Advertindo que “os estudos de linguagem vêm revelando que aprendemos a ler apesar dos professores”, cita o exemplo de Tarzan. O homem-macaco da ficção de Edgar Rice Borroughs, aprendeu a ler sozinho, com 10 anos, comparando as figuras com os caracteres inscritos abaixo delas, nos livros encontrados nos escombros da cabana de seu falecido pai. No terceiro exemplo transcreve o relato autobiográfico do pensador Jean-Paul Sartre que revela a emoçao e alegria que sentiu no processo de quase auto-aprendizagem da leitura.



Por fim comenta a percepção de uma mulher da roça, analfabeta, que responde a uma entrevista a respeito da televisão: “Para entender televisão tem de saber ler. Eu não sei ler, então não entendo nada”. Enfatiza, neste ponto, a valorização da leitura impressa: “um instrumento de poder dos dominadores, mas que pode também vir a ser a liberação dos dominados. No capítulo seguinte, Ampliando a Noção de Leitura, a relação da leitura com as contingências político-econômicas: “...se saber ler textos escritos e escrever ainda hoje é algo a que não se tem acesso naturalmente (o analfabetismo persiste mesmo em países desenvolvidos), entre os antigos era privilégio de pouquíssimos.”



Os três níveis básicos de leitura - sensorial, emocional e racional - é examinado separadamente no capítulo 4 para, no final do mesmo, chegar a conclusão de que “...eles são inter-relacionados, senão simultâneos, mesmo sendo um ou outro privilegiado. Deve, pois, ficar claro não haver propriamente uma hierarquia; existe, digamos, uma tendência de a leitura sensorial anteceder a emocional e a esta se suceder a recional, o que se relaciona com o processo de amadurecimento do homem. Porém, como quis mostrar aqui, são a história, a experiência e as circunstâncias de vida de cada leitor no ato de ler, bem como as respostas e questões apresentadas pelo objeto lido, no decorrer do processo, que podem evidenciar um certo nível de leitura.”

Com “A leitura ao jeito de cada leitor” a autora encerra sua viagem pela leitura, exortando os leitores a prosseguir sua jornada em busca da percepção do mundo, mesmo que necessite disciplina e treinamento: “Nada, enfim, é gratuito; sequer o prazer.”



Em publicação recente (jornal Folha de São Paulo de 11.05.97, caderno Mais!), o professor aposentado da USP, João Alexandre Barbosa, examina obra O Ato da Leitura - Uma Teoria do Efeito Estético, recém traduzida para o português, de autoria do alemão Wolfgang Iser. Vejamos alguns trechos: “... a obra é o ser constituído do texto na consciência do leitor”,” ... os textos só adquirem sua realidade ao serem lidos...”.



Esta visão, que é aprofundada em trabalho minucioso, coincide com o pensamento da professora Maria Helena Martins que, na página 33 do seu pequeno compêndio, define: “A leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido - seja escrito, sonoro, seja um gesto, uma imagem, um acontecimento.”









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