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Infantil-->ContoDoNada -- 17/08/2001 - 05:32 (Anamaria Eugênia Fontes) |
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Era uma vez uma borboleta
linda e pequenina
que vivia a zonzorrar
livre e feliz na pradaria
cheia de amigas borboletas.
E era também uma vez
(a mesma vez)
um menino lindo e pequenino
que vivia a trimpoliar
livre e feliz na pradaria
cheio de amigos meninos.
A borboleta se chamava Lana.
O menino se chamava Pedro.
Numa tarde de outono
sem flores, muitas folhas
Lana saiu a zonzorrar.
Nessa mesma tarde de outono,
sem flores, muitas folhas
Pedro saiu a trimpoliar.
E eles se cruzaram,
e se notaram,
e se olharam:
se estranharam.
Pedro não gostou de Lana
Lana não gostou de Pedro.
Pedro odiou Lana
Lana temeu Pedro
Lana fugiu
Lana vôou
Pedro correu
Um grito ecuou (ecoou?)
Lana morreu
(e ninguém chorou)
Instantes Vãos
Resistência inútil
Lana agredida
Lana amassada
Lana fudida
Pedro alegre
Pedro saudável
feliz da vida
Adeus pradaria
adeus borboleta
Vai-se pra casa
adentra a saleta
"mãe, mãe, matei
uma borboleta"
"meu filho,
não é assim...
se hoje matas uma
borboleta, no futuro
que será de mim?"
Proveu-se dum cabo de vassoura
e espancou-o até a morte
(pra ver se doía)
Enterrou-o no quintal
Abandonou a pradaria
Mudou de identidade
Transferiu-se de cidade.
Se envolveu com drogas
(consumo, repasse, tráfico)
e morreu num tiroteio
E as borboletas ainda nascem
e morrem
E crianças ainda nascem
e morrem
E pais continuam perdidos na
educação dos filhos
E pessoas continuam
sem saber usar drogas,
E continuam as pradarias
E a história de Pedro
Lana e mãe não foi nada
( apesar de tudo )
Apesar d eu ter escrito
apesar d alguém ter lido
Apesar de ser nada mesmo,
se tivesse sido realmente
ainda assim seria nada.
E tal.
Como eu
Como você
Como minha história
Como a sua
Como Pedro, Lana
mãe e traficantes
Nada
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