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Poesias-->DEGREDO -- 17/01/2002 - 14:42 (Antenor Ferreira Junior) |
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Assim, fiquei só em degredo.
Sem luz, sem paz, nem partilha.
De repente a tristeza e o medo.
Como aquele Crusoé solitário na ilha.
Não tendo sequer a quem contar seus segredos.
O que me resta é esta vida que me arrasta.
O que atormenta é o silencio que não passa.
O que se presta é esta incerteza que me basta.
Que me alimenta de ausências e promessa.
E me atormenta nesta inocência inconfessa.
Hoje enredo por estranhos descaminhos.
Já não caminho, apenas me arrasto.
Vou percebendo o quanto estou sozinho.
Vagando perdido nas linhas que traço.
Enquanto não ouço palavras de carinho.
Esquecido a um canto.
Sequer murmúrios ouço ao meu redor.
Um riso às vezes.
Quase sempre o pranto.
Vai afagando esta oculta dor.
Meus olhos seguem pela rua.
Deserta, sempre quase nua.
Rua escura, vento frio.
Sigo em frente pelas horas.
Em mim há somente um vazio.
Caem e caem as folhas da tarde.
E vai soprando um vento fino que corta.
A tristeza sacode as árvores.
O silencio minh alma arde.
Torna minha vida quase morta.
E vai aos poucos, se encerrando a alegria.
Passo meus dias no consolo da lembrança.
Versos perdidos, rimas tristes, linhas sem destino.
Relembro nos meus versos de criança.
Onde outrora fui feliz um dia.
Vivo as horas sem paz, em desatino.
Talvez um dia me reencontre em outro espaço.
Onde as incertezas não alcancem a emoção.
E onde haja versos e as canções que hoje faço.
Sigo no tempo me esquecendo do cansaço.
Vou encontrando certa paz no coração.
Janeiro de 2002, Dia 15
3:15 hs
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