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Cronicas-->24. UM MOMENTO DE GLÓRIA -- 01/08/2001 - 11:13 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Nem sempre conseguimos expressar com precisão o pensamento, mormente em condições de inferioridade mediúnica, quando, às deficiências da própria transmissão, se une a precipitação, o medo ou a excessiva audácia do mediador. No entanto, há momento do mais absoluto sucesso, quando a idéia passa translúcida para a esfera dos encarnados, adornada pelas pérolas do pensamento literário de alguém até mais afeito que nós à linguagem nobilitada pelo estudo.

Não cremos que seja esse o nosso caso nem do modesto intérprete, que se esforça deveras por dar-nos suas melhores oportunidades de tradução, no intuito, todavia, de transcrever exatamente o que lhe sugerimos vibratoriamente. Mais tarde, se quiser, poderá melhorar um pouco a frase, no sentido de evitar construções muito utilizadas, vocabulário repetido ou certas expressões não coerentes com o [restante do] contexto. São alterações simples que não adulterarão o significado primeiro dado pelos espíritos.

Encareço tais aspectos do labor mediúnico, porque fui psicógrafo na derradeira encarnação, tendo tido o privilégio de tomar o ditado de diversos espíritos de alguma luminosidade, não como os que passamos ao paciente mediador. Mas não me contentava com os primeiros informes e exigia que o emissário da verdade espiritual também dedicasse esforço na elaboração das mensagens de amor, de elucidação e até mesmo de conforto a quem necessitasse de atenção mais delicada ou especializada.

Como se pode perceber pelo estilo que estou praticando, restou-me a idéia de que, quanto mais agradável for o texto, maior prazer usufruirão os leitores, os quais permanecerão fiéis aos autores preferidos.

Não querendo desviar-me do assunto, mesmo assim, irresistivelmente, volto à preocupação essencial de que a forma deva revestir condignamente os conteúdos evangélicos.

Eis que, finalmente, introduzi a questão que me tem proporcionado as maiores dores de cabeça, pois, na ànsia de conduzir peças de peso e respeitabilidade doutrinal, alterei algumas passagens que me pareciam menos felizes, a ponto de pór princípios que, fundamentalmente, contrariavam os dizeres dos amigos da espiritualidade.

O principal é que não aceitava nada que parecesse ir contra a opinião geral dos companheiros de fé, opondo-me a certas críticas que faziam a mim mesmo e aos princípios doutrinários. Queria que os amigos se conformassem aos meus padrões e eu mesmo não cedia um passo para permitir-lhes passar. Até mesmo em relação aos sofredores e impenitentes, impunha a minha vontade, não tendo jamais publicado ou divulgado entre os parceiros de mesa as comunicações mais pobres, muitas vezes iluminadas por questões de suprema importància, mas escritas sem o acerto clássico do vernáculo.

Se quiserem saber, este texto que passo não mereceria qualquer consideração, particularmente após a avaliação que não posso deixar de fazer do resultado final das frases e dos períodos.

Perdoe-me o escrevente se, de alguma forma, estou a envolvê-lo nos conceitos, mas a verdade de meus pensamentos deve transmitir-se integral, sob o risco de me ver acusado de hipócrita ou falso pela consciência.

Os meus pruridos de sensibilidade estética tiveram efeitos contraproducentes no que concerne ao conforto espiritual que almejei para após o desenlace. Realmente, estava convicto de que seria recebido em júbilo pelos irmãos de quem me constituíra o porta-voz. Não acreditava, a bem da verdade, que tivesse adquirido alguma luz e que pudesse despertar-me cónscio da situação e senhor das circunstàncias e da personalidade. Mas nutria a esperança de vir a receber a honra de ser agasalhado desde logo em alguma instituição de repouso e recuperação, onde, no máximo por três ou quatro dias, iria recompor-me para a vida espiritual.

Foram, no entanto, necessários doze doloridos anos de escuridão, para que me justificasse perante os auxiliares do Senhor, tantas foram as crises de nervosismo pelas quais passei, por não me conformar com o fato de ter tanto trabalhado em favor do plano espiritual, sem que me fossem reconhecidos os méritos.

Eis a séria advertência que sempre desejei passar para os amigos, a partir do momento da mais absoluta glória que foi o de meu ingresso nas seções de socorrismo perispiritual desta sacratíssima instituição de benemerência.

Na Escolinha de Evangelização, mais tarde, pude avaliar, de fato, as insuficiências espíritas das concepções religiosas, profundamente demarcadas por algumas tendências calcadas em pensamentos meramente supersticiosos.

Quero ressalvar este aspecto moral, para não impressionar os leitores com o fato de somente ter-me envolvido com as trevas por ter desviado alguns conceitos nas tarefas mediúnicas. Não. Eu devia muito mais do que isso, pois as lições de humildade, de benquerença universal, de verdadeira caridade, não surtiram qualquer reação no meu ego, permanecendo a minha conduta exatamente igual a de qualquer outro ser que agisse sem conhecimento algum da doutrina.

Parece-me agora, embora não no afirme peremptório, que o fato de ter merecido dos instrutores espirituais a oportunidade de conhecer a doutrina de Kardec acentuou a responsabilidade perante a vida. É como se diz quando a pessoa trabalha com dinheiro ou importàncias e valores altíssimos: a exigência da honestidade se estende para todos os setores dos relacionamentos, precisando o indivíduo ser correto até mesmo quando está divertindo-se com os amigos, ao derredor de digna mesa de jogos ou de brincadeiras.

Um dos dispositivos que impunha aos mensageiros é que fossem objetivos e sucintos. Creio que tais avisos sejam prudentes e que devam vigorar na psicografia. Por isso, vou apelar para a boa vontade dos amigos, no sentido de que me perdoem as falhas, principalmente aquelas que evidenciei como condenáveis.

Agenor (nome com que homenageio um dos melhores amigos).

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