SUA VOLTA
Ela voltou.
Essa opressão na garganta.
O sol ainda se levanta.
Mas é como se não o fizesse.
Com mil lágrimas se tece
Um sorriso.
E viver não é preciso.
As lembranças partem e retornam
Como um velho barco
Para um velho porto
E se alojam no pescoço.
É como comer manga
Com caroço.
A moça se zanga.
Eu mão sou mais moço.
Já inventaram o rádio e a tv...
E o remédio para a paixão?
Rezei o terço,
Chorei demais desde o berço,
Lágrimas enxuguei,
Sofri sob a lei,
Dei esmola e conselho,
Me arrependi frente ao espelho,
Aprendi profissão e arte,
Sei dos canais de Marte
E dos sentimentos que estão soltos
Por toda parte,
Penteei cabelos revoltos,
Plantei sementes,
Colhi flores,
Deitei dormentes,
Colhi dissabores.
BSB11012002
|