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cronicas-->AMIGO SECRETO -- 03/08/2001 - 01:43 (Débora Veroneze) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AMIGO SECRETO


Primeiro de dezembro. Chegou o dia de pegar o nome de quem será seu amigo secreto. A empresa não é grande. São apenas vinte e oito funcionários. No entanto, sempre tem um deles que ninguém quer pegar. Neste ano é o Chico - e em todos os outros também. Ele é chato, inconveniente e bossal. Não existe uma pessoa dentro da empresa que gostaria de dar um presente a ele, muito menos de receber um presente dele.
Começa a ser distribuído os papeizinhos. Gabriela, a filha de um dos donos, que estava visitando o pai é quem passa o copo para que cada um pegue um nome.
A empresa tem três sócios. O restante dos funcionários torce para que um deles pegue seu nome, tendo a certeza de receber um presente melhor. Os donos são os primeiros a pegarem os nomes.
Regina, por sua vez, não tem sorte em amigo secreto. Sempre pega alguém por quem não simpatiza muito. É a mais azarada de todos. Odiava amigo secreto, mas participava porque não conseguia dizer não. Ela tinha certeza que dessa vez seria diferente. E foi. Chegou sua hora de pegar o papelzinho. Ela pegou um, não abriu e dizendo:
-Não, esse não, eu quero outro - colocou-o de volta no copo e pegou outro.
Começou a abrir lentamente o papel que tinha sido dobrado quinze vezes até que surge a primeira letra: é um "C". Não, pensa Regina, eu não seria tão azarada. Não pode ser o Chico. Deve ser a Cris. É hora de ver a segunda letra. A expectativa é ainda maior. Ela puxa o papel bem perto dos olhos e quando enxerga o "H":
-Eu "me peguei"! - berra Regina num ato impulsivo - Preciso trocar de amigo secreto.
-Então mostra o nome! - fala Tatiana (a organizadora do evento).
-Não, não! Eu só estava brincando! - responde Regina, completamente sem jeito.
Regina ficou o resto do dia "emburrada". Se pudesse, daria uma bomba ao Chico e outra para quem inventou essa história de amigo secreto.
O mês de dezembro vai passando e com ele, as brincadeiras vão acontecendo. Pedidos de presentes vão sendo espalhados pelo escritório, todos fazem sacanagem com todos, menos Regina. Ela põe três possibilidades de presentes no mural do corredor e não participa de mais nada.
Já foi quatro vezes tentar comprar um presente para o Chico, mas não conseguiu. Então, pediu para sua irmã comprar algo para um homem de quarenta e cinco anos. Ela não quer nem saber o que é. Emprestou o cartão de crédito e disse que poderia comprar o que quisesse. Pronto! Regina estava livre da tortura.
Chegou o dia "D". Final de ano, todos felizes, com o 13o salário no bolso, férias coletivas em janeiro, encontro com os colegas... Menos Regina. Estava decidida a esperar a revelação e ir embora sem mesmo jantar. Para completar, ela foi sorteada para começar a revelação. Ela já sabia que teria que ser falsa por alguns minutos, então se levantou e:
-Bem, o meu amigo secreto é um homem. Ele tem entre 35 e 50 anos. Eu não tenho muito que falar. Ele trabalha em outro setor (no setor dela trabalhavam apenas duas mulheres). O nome dele é...
Regina engasga e não consegue falar "Chico". Então, faz gestos com as mãos como se quisesse que o pessoal descobrisse quem era seu amigo secreto.
-Renato! -gritou Tati.
-António! - falou Rita.
Regina balançava o dedo, gesticulando que não.
-Rómulo, Dante, Demétrios...
E nada de acertarem. Regina continuava engasgada até que Tati abre a boca novamente:
-Só sobrou o Chico...
Ela faz um sinal de positivo, todos caem na gargalhada. Chico se levanta, vai ao encontro da colega e, para completar a grande noite, lhe dá um grande abraço e um beijo.
Regina senta e mal consegue conversar com os colegas. Pede uma dose dupla de uísque e pensa: que papelão, como pude ser tão ridícula.
Enquanto isso, Chico abre o presente que ganhou. Ela não quer nem ver o que é, quando:
-Regina! Obrigado pelo presentão! Eu nunca tinha ganhado uma pulseira de ouro antes.
Agora sim; Regina quase teve um ataque. Virou o copo de uísque e torcia que fosse revelado logo o seu amigo secreto para que pudesse ir embora e esquecer o mês de dezembro. Pedia mais uma dose enquanto Chico revelava seu amigo:
-O meu amigo secreto não trabalha comigo (era só ele e um computador no seu setor). É a mulher mais bonita da empresa; pelo menos, é o que eu acho. Ela é simpática, querida e agradável.
-O meu amigo - continuava Chico -, ou melhor, minha amiga, é a pessoa com quem eu gostaria de passar o resto dos meus dias, acordando e dormindo, almoçando e jantando, assistindo filmes...blá,blá,blá...
Como todo chato, Chico não podia fugir à regra. Ficou falando e discursando por quinze minutos. Regina tomava um uísque atrás do outro e esperava ansiosa para ver quem era a colega que Chico tanto elogiava, só para rir da mesma forma que riram dela quando ganhou um beijo e um abraço do mais temido amigo secreto do escritório.
-Fala logo quem é Chico! Chega de embromação! - berrou Demétrios.
-É, está demorando muito! - berrou Tati.
-Tá bom, tá bom! Só quero dizer que esta foi a melhor oportunidade que encontrei para demonstrar meus sentimentos e, assim como nossa colega fez - e aponta para Regina -, eu gostaria que vocês tentassem descobrir quem é essa pessoa que eu tanto falei.
E num coro só, como se tivessem ensaiado por semanas, todos ali presentes berraram:
-REGINA!


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