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Cronicas-->Inveja do bem -- 15/02/2022 - 16:40 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Inveja do bem

 

Aroldo Arão de Medeiros

 

        Esse sentimento é mais comum do que imaginamos. A famosa inveja do bem é algo comum, corriqueiro. E frequente. Se ambiciono ser igual a alguém, esse desejo é conhecido também como inveja branca ou inveja boa. O objetivo da admiração pode ser realizado se nos esforçarmos para alcançá-lo.

         Minha esposa, cunhadas e irmãs comentam que meu pai tem a pele perfeita no rosto. Com certeza ele nunca usou hidratante ou qualquer creme dermatológico. Se perguntarmos a ele, nem vai saber o que é isso. Mas eu estava me esquecendo de ressaltar que meu pai está com 96 anos. E a face dele não tem rugas, nem um mísero pé de galinha em torno dos olhos. O rosto é liso como bunda de nenê. Algumas mulheres, caso não se cuidem, quando atingirem os 40 anos, serão donas de um aviário.

        Meu pai, embora tenha estudado apenas até o quarto ano primário, faz as quatro operações de cabeça. Alguns, hoje, não têm inveja desse dom, alegando que os celulares respondem rapidamente qualquer operação, mesmo complexa. Mas essa é uma facilidade que muitos cobiçariam.

        Outra que é de se abismar é a capacidade de se lembrar de datas. Sabe exatamente o dia que concluiu a construção da casa, a data em que comprou a primeira e única bicicleta, obviamente muitas datas de aniversário, de casamento e outras que por não terem nenhuma importância, nos assombram ainda mais.

A memória dele é auxiliada pela mania de anotar tudo. Preenche cadernetas com datas e fatos que, para ele, são meritórios constarem em sua lista. Nunca me esqueço que um muro de concreto armado, feito por ele próprio, tinha incrustado nele a data em que foi concluído.

        Não me envergonho da inveja que sentia quando, estudante na universidade, um dos alunos aparecia na sala de aula com um pequeno caderno de anotações. Prestava muita atenção nas palavras do mestre, pouco escrevia na caderneta e quase nenhuma pergunta fazia ao professor. Tirava as melhores notas, sempre. Invejava aquilo. E para chegar um pouco perto de sua pontuação, estudava cada vez mais.

        Eu, particularmente, nunca invejei colegas de trabalho. Não sei se foi por exercer as minhas funções com dignidade e tentando ser o mais correto possível. Caso no ambiente profissional um colega seu for promovido, lute com trabalho que o seu dia chegará.

        De minha mãe o que eu mais admirava, e invejava nela, era a rapidez com que descascava camarão. Passei a imitá-la e hoje é uma das tarefas que gosto de fazer. Pena que esse crustáceo não é barato, senão toda semana você se surpreenderia ao me ver tirando a camada protetora do que considero o melhor fruto do mar. Enquanto eu descascava um, a mãe já tinha dado conta de uns quatro. Pelo menos aprendi a deixá-los com o apêndice no final do corpo, ou seja, com o rabo inteiro. Isso para mim é motivo de orgulho, porém a lentidão continua a mesma.

        Minha mania é, sempre que encontro aspectos positivos em outra pessoa que admiro, tentar ser igual a essa pessoa. Tenho me esforçado, embora nem sempre tenha tido sucesso.

 

 

 

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