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Cronicas-->Leste Europeu, muralhas e pontes -- 16/02/2022 - 08:37 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Leste Europeu, muralhas e pontes

 

Aroldo Arão de Medeiros

 

     Meu tio comprou um pacote de viagem para o Leste Europeu. Contou-me que foi dos melhores passeios que já realizou. Conheceu Frankfurt, o maior centro financeiro da Europa, bem por isso sede do Banco Central Europeu e, ainda por cima berço do inigualável Goethe. Esteve na dividida Berlim, nas ruínas do muro e no Portal de Brandenburgo, símbolo da reunificação da Alemanha. E percorreu a pé, desde a estação de trem até o fabuloso castelo em Potsdam, onde foi assinada a rendição da Segunda Guerra e dividida a Alemanha. Perambulou pelas vielas de Praga, com seus nomes indecifráveis e parou por horas diante do incrível relógio astronômico medieval. Encantou-se com o prédio do Parlamento, em Budapeste e com os infindáveis parques de Viena. Esbaldou-se nas cervejarias de Munique. Fascinou-se com as construções de pedra em Nuremberg. Em Salburg sentou-se em um banco à beira do rio e deixou o tempo escorregar enquanto apreciava as geleiras sobre os Alpes. Na pequena cidade de Karlovy Vary, na República Tcheca, pôde aproveitar as estações termais.

        Foram dezesseis dias de intensos passeios, prazeres e deslumbramentos, especialmente com a limpeza, o capricho com as cidades alemãs, assim como as cidades de colonização alemã de Santa Catarina, onde habitantes e governantes habitantes dedicam-se a cuidar da aparência dos lugares, seja Joinville, Blumenau, Alfredo Wagner, Antônio Carlos ou Corupá.

     A comida típica que mais gostou (e que já havia experimentado em outra oportunidade), foi joelho de porco. Aprendeu que em alemão é schweineknie ou Schweinefleisch Knie, diferentemente do Brasil que se chama eisbein e já havia saboreado em Joinville. Mas aproveitou para degustar com prazer essa iguaria germânica. 

     Mais que a deslumbrante beleza e as incríveis histórias das cidades que percorreu, foram as pessoas que conheceu na viagem e que também participavam dos passeios. Com alguns interagiu mais e com outros, menos, dependendo do grau de animosidade que lhe era oferecido. Com Paulo Cesar Ferreira a conversação recaiu sobre o que faziam e descobriram um amigo em comum, pois os três se formaram na mesma faculdade, apenas em semestres diferentes.

     Depois de formado, trabalhou em uma só empresa até se aposentar e, por coincidência, encontrou dois colegas de trabalho. O casal Vilmar e Maristela se tornaram seus amigos na viagem e, até hoje, mantém relações com eles pela internet. Maristela, já conhecia de vista, pois ela trabalhara no Departamento de Recursos Humanos e vez por outra necessitava ir até lá dirimir dúvidas sobre questões trabalhistas. Vilmar, conheceu ali na Europa, durante o passeio.

     Houve pessoas que até se sentaram perto dele, mas não conseguiu aproximar-se. Dois irmãos: ele 25 anos e ela cerca de 20. Tímidos, o que provocava aparência de antipáticos. Até o final da viagem não conseguiu decifrá-los, pois não viu conversarem com alguém.

     Os irmãos eram como as autoestradas do Leste Europeu: em praticamente toda extensão existem cercas aramadas que as protegem da invasão de animais. Um bloqueio invisível fazia com que as pessoas não se aproximassem deles.

     Já nas cidades, cercas não dividem os povos, porém sobressaem-se muralhas. Elas estão em quase todas as vilas europeias. Pequenos trechos ainda resistem, servindo como exemplo do que não se deve fazer, separar os povos. Felizmente, também encontrou dezenas de pontes, velhas, arcaicas, rudimentares, mas ainda servindo para seu maior propósito: aproximar os indivíduos.

        Meu tio sentiu-se como uma antiga ponte naquela viagem.

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