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Cronicas-->Aperte minha mão -- 24/02/2022 - 07:23 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Aperte minha mão

Aroldo Arão de Medeiros

     Estou no meio do livro de Rubem Alves “O velho que virou menino” e lembrei-me de algo que aconteceu recentemente com Luís.             Contarei o que aconteceu com esse cidadão e com Fubina, retirado da obra, citado anteriormente. O que ocorreu com o velho Fubina foi há muito tempo, quando a cidade em que nasceu Rubem Alves ainda se chamava Dores da Boa Esperança. Fubina estava à beira da morte e o Reverendo norte-americano, Davis, que vivia naquela redondeza acompanhava a passagem dessa vida para o além. Exigia que Fubina levantasse um só dedo e estaria salvo das maldades do inferno.

     O missionário estrangeiro dizia que ele sofreria muito se não erguesse o dedo. Proferia palavras tão ásperas que, se o doente estivesse consciente, levantaria na hora. Elevaria não só um, mas cinco ou até os dez dedos. Inclusive levantaria dali e sairia correndo.

     - Você, ao não me obedecer, terá a sua frente, quando chegar no inferno, um tacho de cobre, cheio de óleo fervente. Será colocado dentro dele e entes desconhecidos arrancarão seus cabelos, fio por fio. Passará uma eternidade sofrendo essas e outras maldades que os pandemônios (“todos os demônios”) farão para si.

     Já o que aconteceu com Luís foi bem diferente. Católico Apostólico Romano, Luisinho, como era conhecido, morrera fiel às leis de Deus. Cumpria piamente os ensinamentos da Bíblia. Mencionaremos apenas alguns dos mandamentos para ilustrar quão santo era o Luisinho:

     - Nunca roubou, nem mesmo uma fruta na feira. Mesmo estando “morto de fome”.

     - Respeitava os mais velhos. Nunca zombava deles e repreendia quem o fazia.

     - Não usava o Santo Nome de Deus em vão. Usava o nome de Jesus somente nas orações que eram rezadas com muito fervor.

     - Santificava os domingos. Ele ia à missa todos os domingos e ainda em alguns outros dias de semana.

       Luisinho, em vida, gostava de soltar foguetes nas festas religiosas da paróquia. Quaisquer motivos serviam para ele soltar os fogos de artifícios. Seja quando seu time de futebol ganhava, seja nas festas juninas na redondeza, seja na passagem de ano. Tudo era motivo para que Luisinho corresse para o paiol, nos fundos do terreno, e se divertisse soltando os explosivos.

     Estendido no caixão, mãos postas, em sua volta algumas pessoas se revezavam nas orações e despedidas. Dentre elas, o filho mais velho, Márcio. Esse bem concentrado desfez o encaixe das mãos e perguntou ao pai.

     - Papai, já conversei com o tio Noel e a tia Berenice e ambos concordaram com o que vou propor. Se o senhor consentir que eu solte três foguetes quando o féretro sair em direção ao cemitério, o senhor me dê um sinal apertando a minha mão.

     Na terceira vez que Márcio fez a pergunta, Luisinho comprimiu a mão do filho. Esse correu até a casa do pai e pegou os foguetes.

     Ficou de prontidão. Ao ver o corpo sendo transportado para a última jornada, soltou com alegria os foguetes e chorou ao mesmo tempo.

     O livro de Rubem Alves teve vários causos contados pelo autor e Fubina foi um dos importantes moradores de Boa Esperança que teve seu nome lembrado pelo escritor.

 

 

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