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cronicas-->O CHUPIM -- 03/08/2001 - 01:56 (Débora Veroneze) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O CHUPIM


Chupim é o termo usado por algumas pessoas para definir aquele cara que não trabalha e vive às custas dos outros. No entanto, o chupim só sobrevive porque sempre há quem sustente dele.
Dalton foi expulso de casa aos dezoito anos, quando repetiu a oitava série pela quarta vez. Ele não era burro, nem tinha dificuldade de aprendizado, mas sabia que quando entrasse para o segundo grau, teria também que trabalhar, assim como os outros três irmãos.
Ele pegou sua mochila, colocou algumas roupas dentro e saiu numa boa. Sabia que seu pai tinha razão. Sua preocupação era aonde dormir na próxima noite. Então foi até a casa de um colega de escola (de quatorze anos, é claro) e pediu para dormir lá. Teve sorte: os pais de Jackson estavam viajando e Dal teve onde comer e dormir por uma semana. Bem, agora era hora de realmente procurar um lugar para morar. Dalton precisava de alguém que fosse bom e bobo. Alguém que ele pudesse usar e abusar. Lembrou do seu professor da sétima série. Era o cara perfeito. Ajudava as pessoas, fazia trabalhos comunitários, dava conselhos... Jamais lhe negaria uma cama e comida. Foi até lá e quando o professor abriu a porta:
-Oi professor!
-Dalton! O que faz aqui?
-Bem , é que meus pais foram embora da cidade e eu não quis ficar por aí viajando antes de concluir o segundo grau. Sabe como é, viaja pra cá, viaja pra lá, troca de colégio, as matérias são diferentes e quando se vê, repito o ano mais uma vez. Portanto, decidi ficar e quero saber se posso morar com o senhor até arranjar um emprego.
-Claro que pode! Mas tem uma condição:
-Qual?
-Terá que estudar! Sua estada aqui dependerá das notas que apresentará durante o ano.
-Está bem!
Dalton nem se preocupou com a imposição do mestre. Sabia que passaria da oitava série quando quisesse. Quanto ao emprego? Ele saía de casa dizendo que estava indo procurar e sempre voltava dizendo:
-Que crise! Não se encontra trabalho em lugar nenhum.
-Não se preocupe! - dizia Marques - Dê atenção aos seus estudos, eles são mais importantes. Enquanto isso você pode me ajudar com algumas experiências.
Marques também estava gostando da situação. Era um homem sozinho, com poucos amigos. Sabia que estava sendo "usado", mas era a maneira de ter alguém por perto para ir ao cinema, shopping, almoçar, jantar e conversar. Quando Dalton viajava para visitar os pais, o professor ficava perdido. Não sabia o que fazer. Já nem fazia mais questão que Dal arrumasse emprego.
Havia até quem falava que eles eram gays, mas nenhum do dois se incomodava com os boatos. A vida estava boa assim. O professor trabalhava, sustentava seu "pupilo" e este lhe acompanhava por todos os lugares até que: Dalton conheceu Lucinha, uma moça linda com quem começou a namorar. O professor achou que ela era apenas mais um de seus "casinhos", mas desta vez se enganou.
Lucinha era de família abastada, filha do dono de uma rede de hotéis no nordeste. Dalton investiu pesado até conseguir casar com ela e foi embora para Fortaleza.
Marques entrou em depressão. Quase perdeu o emprego. Emagreceu doze quilos. Gastava todo o seu salário em telefonemas para o Ceará. Depois de três anos não conseguiu mais falar com Dalton nem saber notícias dele. Fato este que lhe rendeu a tentativa de suicídio sem êxito por duas vezes. A vida do professor era um "marasmo". Nada mais tinha sentido.
E numa bela tarde ensolarada de domingo, quando jogava paciência pela trigésima quinta vez, soou a campainha. Marques levantou-se lentamente, abriu a porta sem nenhuma pretensão e avistou Dalton com uma mala na mão. Um sorriso largo iluminou seu rosto. Ele abraçou o velho aluno e:
-Dal, que maravilha! Onze anos se passaram, eu estava morrendo de saudades. Por que não telefonou ou mandou um telegrama? Carta, e-mail, qualquer coisa! Porque não me visitou antes?
-Não estou lhe visitando!
-Não? O que faz aqui então? E cadê sua esposa?
-Calma! Uma resposta de cada vez. 1o: O meu casamento já terminou há oito anos...
-E onde você esteve esse tempo todo? - interrompe o professor.
-Bom, eu ganhei uma grana preta no divórcio. Então, fui para um apart que ficava a beira mar em Fortaleza e curti a vida. Mas sabe como é que é né! Tudo o que é bom dura pouco. E o dinheiro acabou. Portanto, eu não estou lhe visitando, eu vim para ficar até conseguir um emprego...
-Claro! Entre! O seu quarto continua o mesmo. Você quer tomar um banho, comer alguma coisa...
-Não professor, eu gostaria de sentar e conversar um pouco . Afinal, faz tanto tempo que a gente não se vê.... Vai lá, me conta. O que tem feito nesses anos todos?
Os velhos amigos colocaram os assuntos em dia e relembraram os melhores momentos que passaram juntos.
Cinco horas depois:
-Vamos sair para jantar?
-Acho que não! Eu estou sem grana!
-Que é isso Dalton! Você é meu convidado! Eu pago!
-OK! Eu aceito o convite!


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