Usina de Letras
Usina de Letras
137 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62219 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10362)

Erótico (13569)

Frases (50614)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140800)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->O INCONVENIENTE -- 03/08/2001 - 02:12 (Débora Veroneze) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O INCONVENIENTE


Inconveniente é o cara que pára e dá sua opinião quando passa por duas pessoas que conversam sobre futebol. É aquele que decora uma piadinha e faz sempre a mesma.
Inconveniente é o cara que aceita o convite para almoçar do colega de trabalho, leva mulher e filho e lá pela meia- noite, quando seu filho já dorme desde as nove horas no quarto do dono da casa e a mulher está na outra sala vendo TV, ele se levanta e diz :
- Bem, acho que vou indo!
- Já, ainda é cedo! - responde o colega por educação.
- É, né! Vou tomar mais uma cerveja! - e senta-se novamente.
Inconveniente é o cara que encontra na rua o amigo educado que está louco de pressa e fica de papo por meia hora com ele.
Inconveniente é aquele que troca de endereço e , antes mesmo de colocar os móveis no lugar, vai visitar o vizinho.
O inconveniente está sempre sozinho, procurando a próxima vítima. Quando encontra alguém conhecido, um sorriso largo se abre em seu rosto.
Ademar é um deles. Não! Ele é o pior!
Certo dia, Ademar passeava no shopping,, sozinho é claro, chupava um sorvete quando, de longe avistou uma pessoa parecida com Carlos (um colega do 2o grau que não via há quinze anos). Na hipótese de ser alguém com quem pudesse conversar, Ademar foi desviando pessoas e chegando mais perto. Pronto! Era ele mesmo, que felicidade. Apressou o passo e foi de encontro ao velho amigo.
Carlos, por sua vez, passeava tranquilo de mãos dadas com a esposa quando:
- Não! - sussurrou ele.
- O que foi? - pergunta Maira.
- O cara mais chato que eu já conheci em toda a minha vida está vindo em nossa direção. Acho que ele não me viu. Entra logo nessa loja e faz de conta que está comprando alguma coisa - e empurra a mulher para dentro de uma loja feminina de roupas íntimas.
- Bom dia! Vocês gostariam de ver alguma coisa? - pergunta a vendedora.
- Ela quer ver calcinhas! - responde Carlos.
Enquanto Maira e a vendedora vão até outro setor para ver as calcinhas, Carlos fica apreensivo no centro da loja. Quando percebe que Ademar está chegando perto, vira-se de costas e pergunta à outra vendedora:
- Quanto custa este artigo? - e pega uma camisola vermelha que está em cima do balcão.
- Quinhentos reais! - responde a vendedora.
Tarde demais...
- Caio! - era Ademar berrando por seu nome - Há quanto tempo! Uns quinze anos, não é?
Carlos se vira e educadamente, fazendo cara de surpreso, responde:
- Oi Ademar! Tudo bem?
- Tudo! E você, hein. Comprando camisola. Mudou de lado?
- Está me estranhando, Ademar. Eu sou casado.
Enquanto isso, Maira chega perto com uma calcinha que comprou.
- Ah! Então está vendo um presente para a amante. Nenhum homem em sua sã consciência presenteia a esposa com uma camisola vermelha de quinhentos reais.
Maira interfere:
- Mas o meu marido é diferente! Não é amor?
- É!
- Qual a forma de pagamento senhor? - pergunta a vendedora.
- Cartão de crédito!- responde o marido sem saída.
Enquanto a vendedora embrulha a mercadoria...
- Ah! Deixa eu lhe apresentar minha esposa:
- Já sei! - interrompe Ademar - Esta é a famosa Cris, que você tanto falava no colégio, mas nunca apresentou a ninguém!
- Não! Eu sou a Maira!
- Oh! Desculpa, eu só estava brincando!
Esclarecida a brincadeira, os três saem da loja e Carlos quase nem fala, só fica pensando numa forma de se livrar de Ademar.
- Vou ao banheiro!
- Eu também, estou me mijando!
Os dois vão até o banheiro e Maira os espera sentada num banco do lado de fora.
- Onde vocês vão almoçar?
- Não sei, quem vai decidir é a Maira .
Quando saíram do banheiro, Maira , também tentando se livrar de Ademar, diz:
- Meu bem, eu estava pensando em almoçar fora do shopping hoje. O que você acha?
- Pode ser!
- Aonde vocês vão?
- Não sei, ainda não decidimos - interfere Maira.
- Bem, então vou leva-los a um restaurante maravilhoso que fica aqui perto. Hoje é por minha conta.
Maira e Carlos, ambos educadíssimos, vão com Ademar até o restaurante. Já que não tem o que fazer mesmo, Carlos tenta tornar o almoço mais agradável:
- Sabia que a Ritinha e o Pedro se casaram?
- Quem?
- A Ritinha, do 2oB e o Pedro, que estudava conosco.
- Quem perguntou, seu panaca. Ah, ah, ah!
- Credo Ademar, essa brincadeira a gente fazia na sétima série. Não acredito que você ainda usa.
- Uso! E todo mundo cai! Não é divertido?
Maira nem falava nada, mal conseguia comer de tanta antipatia que pegara pelo colega do marido. Apenas tentava não ser grosseira com ele.
Terminado o almoço, Carlos agradece e fala:
- Bem, vamos para casa, afinal, daqui a pouco tem jogo do meu time...
- Puxa Caio, eu precisava mesmo de um lugar para ver o jogo. A TV lá de casa estragou. Posso ir com vocês?
Carlos e Maira se olham, nenhum dos dois tem coragem de dizer não...
- Nossa, como é linda a casa de vocês! Adorei essa churrasqueira! Quando é que nós vamos fazer um churrasco?
Durante o jogo...
- Sabe Caio, não tem coisa mais importante para mim nessa vida do que os amigos. É bom te ver novamente. Às vezes bate uma saudade dos velhos tempos... Lembra? Como a gente se divertia! Hoje taí, todo mundo casado, alguns com filhos. Eu sou o único da turma que ainda não me "enforquei". Prefiro a vida assim, sem ninguém para incomodar.
- Você já incomoda por todos - resmunga Maira.
- Ah, finalmente você falou. Achei que fosse muda.O que foi que você disse mesmo?
- Nada não!
E durante o jantar...
- Sabe Maira, você é uma mulher de sorte. O Caio era super assediado pela mulherada. Saía cada semana com uma. Você deve ter feito muita gente chorar...
- Sabe Ademar, o Caio é um homem de sorte por ter um amigo como você!
Enquanto Ademar vai ao banheiro:
- Carlos, tenha piedade de mim, se livra logo desse cara.
- O que é que eu faço? Já tentei de tudo e ele não vai embora.
- O amigo é teu, te vira.
- Estou tão cansado hoje! - comenta Carlos.
- Eu também! Mas nada melhor do que uma cervejinha para relaxar, - e vai até a geladeira pegar mais duas - ainda bem que amanhã será domingo, poderemos dormir até tarde.
Agora sim, Maira não suportava mais a situação. Era a sua vez de tentar:
- Amor! Estou louca para dormir! Vou até o quarto colocar a camisola nova e te esperarei na cama. Afinal, este é um dos poucos dias que podemos ficar juntos. Ademar, com licença. Boa noite!
Maira vai dormir e Ademar continua a conversar:
- Sabe Caio, a tua esposa até que é legal. Ela é bem quieta. Assim que é bom.
- Não Ademar, ela não é quieta. Hoje ela estava quieta.
- Porquê?
- Não faço nem idéia - responde Carlos em tom de ironia.
O colega de aula não parava de falar, então Carlos resolveu ser mais duro com ele:
- Ademar, já está na hora de você ir, afinal, passamos o dia todo juntos. Eu estou com sono. A minha esposa quer ficar sozinha comigo. Já não temos mais o que conversar. Vamos, eu te levo até a porta!
É óbvio que ficaram mais vinte minutos conversando com a porta aberta até que:
- Bem, acho que vou indo! Visita é bom, mas precisa saber a hora de ir embora. Foi um prazer te ver novamente. Manda um abraço pra Maira. Agora já sei onde vocês moram, fique tranquilo, nos veremos com frequência. Tchau!




Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui